Crítica: Fantastic

Por Fabricio Duque
Direto do Festival de Berlim 
14 de Fevereiro de 2016

Há filmes que precisam mergulhar fundo na imaginação objetivada de seu diretor. Um dos exemplos participa da mostra Forum do Festival de Berlim 2016. “Fantastic”, do israelense Offer Egozy, e doutorando de Direito na Universidade de New York, que foi filmado em 35mm em Los Angeles (com o suporte da Panavision’s Emerging Filmmakers Production Grant), é um “pastel noir”, uma fábula de realismo fantástico-absurdo, que caminha pela alegoria-vanguardista-kitsch. Aqui, um intrigante misterioso assassinato envolve personagens que já vivem em um mundo surreal, uma pequena cidade-comunidade local e excêntrica, quase uma “seita”, em que seus integrantes experimentam na totalidade a atmosfera artística. Quando uma tragédia acontece, o Xerife confronta as necessidades, ideias, sentimentos, desejos e mistérios que cercam seu “povo”. O filme assume-se como “estranho”, "vulnerável" e “confuso" em um universo livre criativo, estético, circense, que parece um “passeio em um museu com sua “conversa" sobre variadas expressões. Assim, cria-se a metáfora da "devagar realidade", atemporal, sensorial, de perceber melhor "a fundamental propriedade da vida”, criando um “espaço interessado na intimidade e beleza”, e procurando “algum conforto em um mundo com ausência de significado” com uma “ação visceral”. Devido ao exacerbado elemento experimental-conceitual, o resultado soa pretensioso, sim, porém neste caso, este que na maioria das vezes é considerado um adjetivo depreciativo, aqui se comporta como uma consequência esperada. Um filme que causou tanto incômodo na plateia, que na sessão, inicialmente quase lotada, só sobraram poucos “sobreviventes”. Indiscutivelmente não se pode negar, é no mínimo curioso e uma hiperbólica vanguarda.