Crítica: Alone In Berlin

Por Fabricio Duque
Direto do Festival de Berlim 
16 de Fevereiro de 2016 

“Alone In Berlin”, integrante da competição oficial do Festival de Berlim 2016, e dirigido por Vicent Perez (ator de “A Rainha Margot” e diretor de “Once Upon An Angel”), é baseado na novela homônimo de Hans Fallada (que foi descrito por Primo Levi como “o grande livro de todos os tempos escrito sobre a resistência germânica aos nazistas”). O longa-metragem, interpretado por Emma Thompson, Brendan Gleeson e Daniel Brühl (este que retorna terceiro Reich - antes foi em “Bastardos Inglórios”, de Quentin Tarantino, cuja expressão final do ator resume todo o filme em questão aqui) no “time" principal, foi vaiado na sessão para imprensa devido à estrutura clássica cinematográfica (com padrão hollywoodiano de conservar detalhes de efeito e os diálogos em inglês em um país que fala alemão) de imprimir gatilhos comuns palatáveis. Nem oito, tampouco oitenta. “Alone In Berlin” passeia neste linha tênue (entre clichês - como rasgar e depois juntar os pedaços, reações sentimentais, a câmera lenta e o marido que trabalha em uma fábrica que “produz" caixões ou a frase “abrigo é para mães com filhos"), preterindo a encenação romanceada do tema a uma nova experimentação da forma (com personagens de cada núcleo narrativo). O diretor disse na coletiva de imprensa que este filme “é uma resposta às perguntas”. Aqui, representa-se a máxima que “uma andorinha só não faz verão”, mas o casal de protagonistas, por consequência de um acontece trágico-traumático, “acordam" do transe alienado comportamental e se rebelam (pela imprensa livre) contra o regime, o partido, o sistema, o nazismo e Hitler, estimulando por cartões postais que outros também possam despertar da “lavagem cerebral” (soldados zumbis). Trocando em miúdos, é a revolta de pais que perderam o filho e repensaram suas convicções, covardias e “resignações" (do estado de guerra antiético e amoral - “Não preciso de muito, como sempre” e que casas são saqueadas independente se tem ou não alguém dentro) do discurso enraizado pululado pelo “rei" da Alemanha, que cria “profissionais e não amadores”. A mentira virou verdade. O apolitismo, uma força revolucionária. O casal, “romântico e mecânico”, não tinha nada a perder, e assim tentaram “plantar a semente”, fazer o verão voltar e o sol brilhar. “Acredite em você mesmo, não na gangue de Hitler”, diz um dos bilhetes condenados. Um filme típico sessão de tarde, mas está longe de ser ruim, apenas se define na simplicidade palatável de contar a história.