Crítica: A Garota Dinamarquesa

Por Fabricio Duque

“A Garota Dinamarquesa” segue fidedigno a estrutura cinematográfica americana, que é buscar a emoção fácil, suavizando um tema polêmico, este por sua vez que se apresenta palatável e dentro das normas comportamentais de uma sociedade que censura o palavrão. A música de Alexandre Desplat açucara a narrativa com seus momentos de efeito, pausas dramáticas, clichês óbvios característicos (como a echarpe do final). O filme, dirigido pelo inglês Tom Hooper (de "O Discurso do Rei", "Os Miseráveis"), e baseado no livro homônimo de David Ebershoff, corrobora o gênero televisivo da novela, com suas encenações teatralizadas de rostos virados e choros sem lágrimas (ou excessivamente). Seu ator, Eddie Redmayner, também inglês, ganhador do Oscar por "A Teoria de Tudo", mantém o que se espera dele, e está infinitamente elegante e naturalmente feminino (a) como a primeira transexual oficial da história de Copenhagen nos anos 1920, mas sua interpretação reverbera-se forçada e repetidamente caricata (muito pela técnica do sorriso "tímido (a)"). Temos sua mulher que quase aceita o "lesbianismo" do marido e personagens que entram, saem e retornam como se fossem tomar um rápido café de descanso. É um filme homenagem de cunho político-social sobre a aceitação não "esquizofrênica" da transgênese. Logicamente, não podemos duvidar do talento de seu ator principal, visto que se entrega sem ressalvas, em um ilimitado método realístico. Concluindo, um longa-metragem que suaviza e que escolhe a superficialidade (de vez em quando aprofundada - mas sempre comporta-se permeando seu lado trágico-ópera, dramático e grego. A sessão iniciou-se após 20 minutos de trailers diversos, e no primeiro crédito do filme, todo o público quietou-se. Enquanto "Star Wars" dava voltas, voltas e mais voltas, em uma segunda-feira, "The Danish Girl”, aqui em Nova Iorque, no Bow Tie Cinemas da 23 com a oitava, contava com nove pessoas na plateia.