Crítica: Zoom [2015]

Por Fabricio Duque

A sessão disputadíssima de abertura de “Zoom”, do estreante em um longa-metragem Pedro Morelli, no Festival do Rio 2015, já ganhou ares de Cult. O filme, que foi exibido no Festival de Toronto deste ano, e com produção da O2, de Fernando Meirelles, é curioso e interessante por embarcar no gênero experimental, mesclando estilos, narrativas e metalinguagem, visto que é “influenciado interativamente" pelos personagens de uma história em quadrinhos ficcional, que está dentro de um livro ficcional, que está dentro de um filme ficcional. A “confusão" propositada “desnorteia" o espectador, precisando “prender-se” aos detalhes, que por sua vez “desconstroem" o próprio entendimento temático da trama. O Roteiro de Matt Hansen é audacioso, lembrando muito o universo “surreal" de Charlie Kauffman e “Waking Life”, de Richard Linklater. E podemos acrescentar seu elenco, que vai das brasileiras Mariana Ximenes e Claudia Ohana até Alison Pill, Jason Priestley (do seriado “Barrados no Baile”), Gael Garcia Bernal e Tyler Labine (que é a “cara" de Jack Black). Apenas lembra. Aqui, questiona-se as “besteiras" Hollywoodianas (para “todo mundo ficar feliz”), o universo de criação (com suas adaptações e mudanças repentinas), até mesmo o clichê “preconceituoso" para criticar gatilhos comuns e reviravoltas (como o traficante negro; e ou um Rio de Janeiro decadente e meio Amazônia “cidade sem lei”; clichês de reações da raiva; a clínica de estética para aumentar os seios - ficando assim “pegável”, como uma “boneca") mostrando assim a visão estrangeira em “estereotipar" com o intuito de “entreter” de forma fácil e palatável o espectador. Até o meio para o final, não há como identificar estes elementos (que ainda inclui atmosfera noir policial de mistério à moda de Kevin Smith - como uma empresa de bonecas idênticas a pessoas; sotaques de um inglês “forçado” - inclusive dos próprios canadenses; digressões perdidas e soltas; e desenhos animados que ganham histórias paralelas), e então quando a percepção direcional acontece, somos surpreendidos positivamente. “Zoom" assume o conceito de gênero, assumindo seu lado independente de não simplificar o andamento do objetivo. Mas é quando “mergulha" sem medos e ressalvas na “loucura Kafkaniana” (das questões existencialistas mundanas, cotidianas e cinematográficas), é que “encontra” a plenitude de seu equilíbrio. Recomendado.