Crítica: Ruth & Alex - 5 Flights Up

Por Fabricio Duque

“Ruth & Alex: 5 Flights Up”, do diretor britânico Richard Loncraine (de “Wimbledon”, “Firewal”, “Tudo Por Você”) é muito mais que uma comédia romântica da vida privada de um casal americano na “melhor idade". E também muito mais que apenas uma versão “Sundance" da estrutura padronizada de Hollywood. Definitivamente, é muito mais. Aqui, a narrativa direciona o espectador pela despretensão técnica e pela cumplicidade interpretativa de seus atores veteranos (Diane Keaton e Morgan Freeman), que mesmo com as obviedades palatáveis do roteiro, a dupla “imprime" a competência já conhecida da espontaneidade. Em muitos momentos, não nos damos conta de que estão em cena, visto tamanha naturalidade. O longa-metragem equilibra-se na sensibilidade não afetada dos diálogos para questionar recomeços, novos sonhos, novos quereres, balanço existencial de um relacionamento, sem mitigar metáforas geográficas entre Brooklin e New York, “criticando" a manipulação opinativa da mídia, a época politicamente moderna, os preços exorbitantes da “bolha" do mercado imobiliário e o medo iminente dos ataques terroristas. Logicamente há o elemento humorístico, sem querer ser engraçado, apenas insinuando uma quebra do politicamente correto, que no final das contas “perpetua" com uma “nova roupa” o pseudo não cliché. uns irão dizer que é bobinho, outros que o roteiro não se sustenta. Mas “cá entre nós”, leitor-espectador-cinéfilo, vamos conversar. Esses argumentos podem até ser plausíveis, porém o resultado finalizado é superior. Concluindo, um filme de momentos, de elipses vivenciadas, de histórias paralelas que se cruzam e se tornam uma só. É auto-ajuda? Sim. Emociona? Sim. É sobre recomeço e resignação? Sim. Tudo isso. Só que mais. Bem mais que cinco andares. “Talvez, vista (da janela) seja para os mais jovens que ainda tem algo para ver”, finaliza-se.