Crítica: Phoenix

Por Fabricio Duque

“Phoenix”, exibido no Festival de Toronto 2014, é o novo filme do diretor alemão Christian Petzold (de “Barbara”, “Yella”, “Jericó”), que tem como característica básica a utilização da narrativa clássica, subvertendo e contrastando o óbvio ao humaniza-lo na própria liberdade poética da trama. O que poderia ser considerado um clichê e ou uma “preguiça”, aqui é apresentado propositalmente como uma maestria. A história, baseada no romance "Le Retour des Cendres", de Hubert Monteilhet, apresenta-se nos detalhes. O roteiro busca a sutileza não explicativa, a percepção teatralizada dos sentimentos de dentro para fora dos personagens ao “gerá-los” com passividade subentendida, fugas “radicais” (e apaixonadamente passionais) e determinação do querer possível acima de todas as coisas, buscando uma reconstrução imagética, defensiva e de distopia metafórica do passado “assaltado” no presente. Tudo está explícito e implícito ao mesmo tempo, quando se utiliza da performance figurativa do marido perante a “aparição” de um “fantasma parecido” de sua mulher, que conseguiu sobreviver ao campo de concentração nazista, mas que ele “custa” a acreditar, se “torne” a mesma de antes dos trágicos acontecimentos. Trocando em miúdos, ela precisa fingir que não é, para que assim possa “aprender” a ser o que era e já não é mais. Ufa! É essa, a exata maestria de “Phoenix”, um jogo de cena, entre o ser e não ser, que objetiva “desnortear” seus personagens “mostrando” a verdade sem dúvidas ao espectador. Concluindo, um filme filosófico como um jogo de xadrez em que todos sabem de antemão de todos os movimentos. Recomendado.