Crítica: Vilanova Artigas – O Arquiteto e a Luz

Por Fabricio Duque

Um dos princípios básicos do gênero documentário é a informação, possibilitando fornecer a descoberta sobre relevantes personalidades que foram “ofuscadas” pelo sucesso “comercial” e “pop” de outros. “Vilanova Artigas – O Arquiteto e a Luz” é um deles, sobre o arquiteto que “trouxe” o conceito de arquitetura moderna à sociedade paulistana, representando o conhecimento “independente” versus a da “celebridade” (presente “na boca do povo”) Oscar Niemeyer, principalmente pelos leigos “fora” da arquitetura e de São Paulo. O filme é dirigido pela neta do “homenageado” Laura Artigas (que disse que seu avô era “uma mente inquieta”, “um artista com alma de criança”, “sempre disposto a aprender, descobrir o mundo, e nunca se repetir”, “bem conectado com o momento histórico e bastante atualizado nos avanços da tecnologia construtiva”) e por Pedro Gorski, e apresenta a trajetória de “um dos maiores arquitetos brasileiros do século XX”, o curitibano João Batista Vilanova Artigas, por meio de lembranças de familiares, amigos, alunos, imagens de arquivo e visitas a algumas de suas mais importantes obras, cuja associação o interliga ao movimento arquitetônico conhecido como Escola paulista. Artigas fez parte do grupo de professores que deu origem a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU). Tornou-se um dos professores mais envolvidos com os rumos desta nova escola: é de sua autoria o projeto de reforma curricular implantado na década de 1960 que redefiniria o perfil de profissional formado por aquela escola e foi responsável, junto ao arquiteto Carlos Cascaldi, pelo projeto da nova sede da Faculdade: um edifício localizado na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira que leva seu nome e sintetiza seu pensamento arquitetônico. Vilanova Artigas não parou por aí. Foi “inquieto” até o fim de sua vida (formam mais de setecentas obras). Integrou-se ao Partido Comunista, foi exilado no Uruguai, mas quando retornou, o “mestre” revolucionou o “ensino Clássico” e “forneceu” à arquitetura moderna uma conexão de interatividade social (pelos espaços abertos, integrados à natureza, iluminados e de uma simplicidade quase naturalista). A narrativa do documentário busca imprimir a lembrança emocional, principalmente, e já subtendida devido ao parentesco da diretora. Concluindo, “Vilanova Artigas – O Arquiteto e a Luz” tem a função de informar, retratar e eternizar fidedignamente o “revolucionário arquitetônico” em questão aqui, “servindo” como um currículo definitivo, “afetuoso” e póstumo à imortalidade. Brilhante, engenhoso, passional e de emoção acadêmica sistemática. Recomendado.