Por Fabricio Duque
“Enquanto Somos Jovens” é o novo
filme do queridinho diretor americano Noah Baumbach, que se utiliza da nostalgia
de memória afetiva ao confrontar passado e presente, criando paralelos por
objetos característicos de uma época e deslocados a outra. Com seu “jeito”
independente, ele já realizou “Frances Há”, “O Solteirão”, “A Lula e a Baleia”,
“Margot e o Casamento” e foi roteirista de “A Vida Marinha com Steve Zissou”,
de Wes Anderson, este indicativo de mais uma de suas características: a
estranheza personificada em credibilidade cotidiana. Ao trazer o estilo
cultural “desatualizado” à contemporaneidade, o roteiro “brinca” com
tendências, hábitos e modas que foram se adequando ao passar do tempo, como por
exemplo, “a vida antes das redes sociais”, os discos em vinil, não “procurar”
no Google “algo” que não é lembrado. É inquestionável que a premissa é
interessante, mas recai no clichê do próprio clichê, quando se utiliza do “oportunismo”
narrativo a fim de “mascarar” a intenção de tentar não “indicar” o óbvio. Só
que o resultado se apresenta invertido, soando hipocritamente manipulador de
uma preguiça ingênua. Trocando em miúdos, o filme usa a caricatura do espaço
comportamental em que vivemos, apropriando-se como autoral e único de um
saudosismo incompatível, principalmente por “querer” (mais uma pretensão
“almejada”) a representação estrutural cinematográfica de Woody Allen (pelos
diálogos sem trilha sonora e edição por detalhes das ações sistemáticas,
cotidianas e banais do ser humano). Talvez, a máxima autoajuda de que “devemos
deixar o passado no próprio passado” seja a alternativa mais viável e mais
corajosa. Retratá-lo sim, porém sem o objetivo de “gastá-lo” com paralelismos e
com “motivos invocados como subterfúgios”. A sinopse conta que Cornelia (Naomi
Watts sendo Naomi Watts) e Josh Srebnick (Ben Stiller sendo Ben Stiller) são casados há anos. Incomodados com o
envelhecimento, estão cansados da maneira conservadora como vivem. Jamie (Adam
Driver, sem convencer na interpretação) e Darby (Amanda Seyfried sendo Amanda Seyfried) se aproximam dos dois e Josh, encantado com o
estilo de vida e o ânimo da dupla, sonha voltar a ser jovem. Concluindo,
“Enquanto Somos Jovens” é um filme de momentos, de instantes saudosistas versus
atualidade pragmática (e de sensibilidade conflituosa – visto que a tão sonhada
liberdade “guerreada” “voltou à caverna”), estimulando a memória palatável e
“histórica” de cada um que viveu o passado não muito distante e que agora
“sobrevive” nos intermináveis “upgrades” da vida moderna e com suas recorrentes
metalinguagens.