Crítica: Tomorrowland - O Lugar Onde Nada É Impossível

Por Fabricio Duque

“Tomorrowland – Onde Nada É Impossível”, do mesmo diretor Brad Bird (de “Os Incríveis”, “Ratatouille”), é a Disney sendo mais Disney do que nunca, corroborando sua característica principal, a de criar uma fábula-parábola de otimismo incondicional e esperançoso, personificando a fantasia e a utopia em um universo lúdico futurista (de ficção científica a La Stanley Kubrick), “onde tudo é possível”, “exterminando” as negativas consequências, intercalando paralelos existencialistas, narrações-picardias de perspicácias amigáveis e tempos (presente-passado). De um lado a visão passional, do outro a necessidade da redenção da esperança. A mensagem reverbera que a “imaginação é mais importante que o conhecimento” (do físico quântico Albert Einstein), que a crença na magia dos sonhos nunca “desiste”, que o atual caos do mundo ainda tem salvação, e que o ator George Clooney nunca envelhece. “Quando eu era criança, o futuro era diferente”, diz-se atestando por ‘a + b’ que o gênero objetivado é definitivamente segmentado ao público juvenil. Aqui, constrói-se um mundo de competidores a melhores invenções. De Nova York, em 1964, a uma NASA destruída do futuro, a trama conta-se por uma narrativa de aventura, em edição de videoclipe (incluindo câmeras subjetivas – gerando a sensação de um 4D sinestésico), com um Doutor “House” quase legítimo e com a obviedade de “menina conhece menino e se apaixona”. Na estação cosmopolita, e sem barreiras patrióticas, geográficas e sociais, “Tomorrow” (Amanhã), máquinas voam e robôs (quase “Transformers”) comportam-se com perfeição e lógica, e a condução do roteiro “inspirador” de lembranças (e flashbacks instantâneos) que “ativam” a memória afetiva é enaltecida à emoção quando a música “entra” em seu nível catártico e extremamente sentimental e quando os gatilhos comuns manipulam o clichê dos sustos típicos do gênero abordado (sem esquecer as propagandas publicitárias como a Coca-Cola que “reorganiza” o corpo). A aventura é iniciada. Um garoto “sai da caverna” ao desconhecido, “conseguindo” a positividade do resultado em situações-limites, “passando” por referências de explicação verbal explícita aos livros “1984” (de George Orwell), “Admirável Mundo Novo” (de Aldous Huxley) e “Fahrenheit 451” (de Ray Bradbury). Aqui, ninguém “desiste”, e até mesmo o diretor do filme, que “segue” em sua incontestável esperança em tudo e em todos. Talvez, a palavra que mais defina a Disney seja esta. De acreditar que o “lobo que vence é aquele que você alimenta”, que a insistência transforma a “defesa-frustrada”, que banheiras possam virar transporte e que a “Torre Eiffel” em Paris, seja um portal para armazenar foguetes. Outra característica é a inversão de valores. Na história, pais são adjetivados como realistas e pragmáticos e os filhos a “solução” para transformar complexidades em soluções simples e em “sorrisos”, uma “necessidade biológica”. É. Tudo é permitido e possível. “Consertar o mundo” por “Sonhadores” e “achar a frequência certa – que não haja desequilíbrio entre fome e obesidade”. Então, para “salvar é preciso o colapso” de um pode ser vislumbrado pela segunda chance de outro. E assim, a mensagem, totalmente “autoajuda” ganha preenchimento à altura das fantasias Disney de ser. Concluindo, um filme “mamão com açúcar”, de extremado poder manipulador à cumplicidade amadora da felicidade incondicional e de “resgate” à possibilidade de se reacreditar no mundo em que vivemos.