Crítica: O Clube

Por Fabricio Duque

"O CLUBE". O novo filme do diretor Paulo Larraín (de “No”, “Tony Manero”) que venceu o Urso de Prata (grande prêmio do júri) no Festival de Berlim 2015, busca contar a história por ações banais cotidianas de um “retiro para os padres que não podem continuar exercendo seus ofícios”. O dia a dia “aprisiona” o espectador (principalmente pela música clássica de métrica intermitente - metáfora mental à luta “repressiva” dos “pecados” e “demônios” internos - de “olhos abertos”) em um tempo pausado, contemplativo e com poucos diálogos (porém editado), corroborando uma das características típicas de seu realizador, que é a de ambientar primeiro para aprofundar aos poucos nas questões que questionam a ética e a moralidade do indivíduo social imerso nas regras da Igreja. Seus personagens são humanizados por seus “erros”, vivenciando culpas e preconceitos massificado pela própria “fama” da instituição religiosa. Aqui, confronta a homossexualidade da causa-efeito. e pergunta se uma ação sexual estimulada na infância pode alterar a opção sexual (ou apenas “hiper” dimensionar - desencadeando reações psíquicas dos acontecimentos do passado). “Dos padres saem fluidos do Senhor”, viscera-se. Eles vivenciam as “mentiras” e segredos, como a arte da confissão, para que possam “conservar" o celibato e ficarem “limpos de coração”, “condenados a ser corpos desonestos”. Mas quando um padre “investigativo”, quase um “guia espiritual” aparece para resolver uma tragédia “sem respostas” ("querendo mais verdura, menos frango” - e reprimir a própria repressão ilegalizada - “bagunçando” a mesmice das existências de seus próximos - e os obrigando a volta `a vida), a vida destes personagens, incluindo uma freira “não oficial”, é gerado a terapia de choque. “O Clube” mescla cinismo e fábula (tanto que esta também é o nome da produtora do diretor em questão aqui) de maneira realista. Os “escolhidos de Deus” “violentam-se” com as penitências técnicas e esperadas no “lugar sufocante e triste”. E assim, aprendem a aceitar a crueldade da encoberta, realizando pelo menos um único último bem. O filme é um soco no estômago de um pessimismo resignado, defensivo e altamente desconcertante. Recomendado.