Crítica: Beijei Uma Garota

Por Fabricio Duque

“Beijei Uma Garota”, dos diretores franceses Noémie Saglio e Maxime Govare, integra o Festival Varilux de Cinema Francês 2015 e também um dos filmes do ator homenageado nesta edição, Pio Marmai (de “Um Evento Feliz”, “A Delicadeza do Amor”, “Um Amor em Paris”), que lembra em muito nosso ator brasileiro Wladimir Brichta. O longa-metragem corrobora a estrutura contemporânea do novo estilo do cinema francês, que é a proximidade com o gênero hollywoodiano de uma comédia de situações, “quebrando” a estrutura clássica temática com um novo classicismo já recorrente, quando conduz pelo caminho da inversão de valores, intercalando intermitentemente textos e reações que buscam a picardia mais perspicaz e “libertando” opções sexuais. Aqui, a história, ao contrário, mostra as consequências “existencialistas” de um homem, aparentemente gay, tanto para si, quanto para família, que mesmo com um casamento marcado com seu companheiro Antonie (o ator Lannick Gautry), acorda na cama de uma jovem mulher sueca (a atriz Adrianna Gradziel). A inversão referenciada é porque se fornece naturalidade comum, quase definitiva, da relação homossexual, e que a “traição” heterossexual seja sim um preconceito, quase uma afronta, com dúvidas, que são até recorridas à internet sobre “será que sou bi?”. Um conto de fadas transformado em um tenso pesadelo. “Beijei Uma Garota” é um filme de instantes, com detalhes “quebra-cabeça”, gerados por decisões de seus próximos personagens. Porém, no longa-metragem em questão não há química entre os “apaixonados”, tampouco entre o “casal gay”, soando mais como uma colagem que deseja a cumplicidade do espectador para que funcione. Talvez, “Beijei Uma Garota” seja americano depois e francês de menos.