Crítica: Mia Madre

Por Fabricio Duque
Direto do Festival de Cannes 2015

"Mia Madre" de Nanni Moretti (de "Habemus Papam", "O Quarto do Filho"), integrante da mostra competitiva oficial, foi o grande vencedor do prêmio Ecumênico no Festival de Cannes 2015. Já é de conhecimento “internacional” que quando “venero” um filme, a crítica (ou esta, uma pílula) sempre demora a tomar vida e palavras. Aqui, o mestre italiano constrói um universo de seu estilo característico. Unindo metalinguagem existencialista (um filme dentro de um filme que cria paralelos narrativos com conversas e teses surrealistas sobre a história do cinema e seus importantes diretores, como a obsessão por Stanley Kubrick) com a ironia de verdade ingênua, epifanias que confundem sonho e realidade, olhares cúmplices desprovidos de clichês, perspicácia verborrágica, medo defensivo, irritabilidade amigável e suavizada, a esperança versus ansiedade visceral e passional. Não há como não referenciar Federico Fellini e seus Paparazzis (uma crítica pessoal aos jornalistas despreparados). E também não há como negar que quando John Turturro entra em cena, não tem para ninguém, além do mais, vivendo um papel de um ator que tenta piadas óbvias e de repetição ultrapassada. Tão entregue quanto está Margherita Buy, a atriz “alterego”. É sensível, sentimental na medida correta, de memória afetiva nostálgica contemporânea e que aborda a culta “estadia” na vida e da morte iminente de uma professora, a mãe deles, incluindo o próprio Nanni. Filmaço! Realmente uma obra-prima! 
Realizada inicialmente em 17/05/2015 e complementada em 27/05/2015.