Crítica: Hrútar (Rams)

Por Fabricio Duque
Direto do Festival de Cannes 2015


“Hrútar (Rams)”, do diretor Grímur Hakonarson, representante da Islândia na mostra competitiva do Um Certain Regard, e que foi o grande vencedor ao prêmio, utiliza a narrativa naturalista bucólica que encontra “abrigo” na cinematografia estética de Bela Tarr. A trama apresenta a vida simples de uma comunidade interiorana pautada pela criação e competição de animais, neste caso, ovelhas, e pelos silêncios cúmplices. A história foca na relação de dois irmãos, que se “relacionam” por ‘pecuinhas’ e invejas amigáveis (e saudáveis para eles), como uma forma de respeito às idiossincrasias opinativas das causas e efeitos do passado. Aqui, desenvolve-se pelo acaso a fim de gerar a redenção. Uma “tragédia-doença-infecciosa” acontece e entre regras burladas, adaptações sociais (bilhete entregue pelo cachorro), tédio do tempo, diversões básicas e resignadas (o quebra-cabeças), a vida deles vai se transformando e adquirindo confrontos por paralelismos radicais. Um certinho, outro bêbado. Um covarde, outro corajoso (que não mede esforços para conseguir pequenas vinganças). A fazenda de um, e o outro de favor. Mas a necessidade “faz o ladrão”, e eles precisam vencer as adversidades para conquistar pequenas vitórias. Assim, a metáfora da salvação é reverberada, atingindo tudo e todos. Um filme interessante, de simplicidade sutil, despretensioso, com total domínio da direção, parte técnica e interpretação. 
Realizada inicialmente em 16/05/2015 e complementada em 27/05/2015.