Crítica: Carol

Por Fabricio Duque
Direto do Festival de Cannes 2015

"Carol", de Todd Haynes (de "Não Estou Lá" e "Longe do Paraíso"), assim como o diretor Denis Villeneuve, possui a característica principal de saber contar a história utilizando-se principalmente da parte técnica, que se torna quase um personagem indispensável. Aqui, os ângulos da câmera, conjugada com a fotografia estética, têm a função de "interagir" a história, aprisionando o espectador no mundo já aprisionado de duas mulheres que tentam viver um amor que se inicia nas preparações festivas do final do ano de 1953 para 1954. A homossexualidade nesta época era considerada tabu, crime e de desvio mental. A "doença" gerou situações catastróficas para os envolvidos. É um filme de ator, porque mais uma vez, Cate Blanchett "rouba" a cena, e se entrega sem pudores e limites interpretativos, contracenando com uma Rooney Mara "apagada". A estrutura clássica narrativa com estilismos conduz a naturalidade apresentada, porém se comporta de forma comum, em elipses temporais de espera, ora sensitivas, ora técnicas. Vencedor da Queer Palm D'Or e gerou repercussão na crítica internacional, ficando entre os favoritos a Palma de Ouro. "Carol", adaptado do romance "The Price of Salt", escrito por Patricia Highsmith sob o pseudônimo de Claire Morgan (em 1990, a obra foi republicada com o título "Carol"), teve sua "via-crúcis" de onze anos até ser produzido. Um filme que consagra de uma vez por todas o talento quase "extraterrestre" de Cate Blanchett. Recomendado. 
Realizada inicialmente em 17/05/2015 e complementada em 27/05/2015.