Crítica: Selma - Uma Luta Pela Igualdade

Por Fabricio Duque

Acima de tudo, “Selma – Uma Luta Pela Igualdade” é um filme obrigatório a fim “documentar” ficcionalmente o ativismo político e social do líder Martin Luther King (interpretado magistralmente pelo ator britânico-nigeriano David Oyelowo, de “O Mordomo da Casa Branca” e “O Ano Mais Violento” – que “lutou” com todas as forças para conseguir o papel) na luta dos direitos de igualdade da comunidade afro-americana. A diretora Ava DuVernay (de “Middle Of Nowhere” – que teve que escrever novas variações dos discursos de Dr. King, já que outro estúdio já tinha comprado os direitos dos discursos reais) opta pela narrativa de catarse emocional, utilizando-se da música (gospel quase ‘a capela’ de estilo ‘hino’ clássico negro – servindo como um “culto” de pedido de ajuda ao Senhor e como um transe esperançoso de resiliência de discurso pacífico e não violento – que vai de Otis Redding e Sarah Vaughan a John Legend em “Glory” – que venceu o Oscar na categoria de Melhor Música) para exacerbar a carga dramática e da estrutura clássica romanceada (e realista) com o intuito de “estimular” o coração do espectador. E consegue. Até porque os dados abordados provem de documentos oficiais (gravações grampeadas dos “brancos” para impedir o “poder negro”). Os negros buscavam direitos iguais (ao voto, ao trabalho, aos lugares). É difícil “encontrar” o momento certo que todo esse ódio começou. Eles nasceram apenas com uma cor diferente. Mais escura. E assim foram hostilizados, massacrados, violentados, espancados, excluídos, humilhados, assassinados por não poderem existir. Eram os “errantes” e ou “erros de Deus”, assim como as mulheres no passado e como os homossexuais. Quando a maior nação (e talvez a mais preconceituoso com a “minoria” – que na verdade representava mais de cinquenta por cento) possui agora um presidente negro, Barack Obama (e totalmente popular), então nós percebemos que a luta do Dr. King não foi em vão, que em instante nenhum buscou o silêncio e sim conduzir com competência e sabedoria sua voz. O roteiro insere simbolismos históricos, como percorrer a ponte de Selma, no interior do Alabama, até a capital do estado, Montgomery (contando com shows de artistas importantes, como Nina Simone). A cinebiografia do pastor protestante Martin Luther King acompanha as históricas marchas e discursos pululados de energia, garra, força e fé. “Selma” foi exibido no Festival de Berlim 2015. Ainda há um elenco equilibrado como Tim Roth (no papel do “monstro” governador George Wallace do Alabama); Tom Wilkinson (Presidente Lyndon B. Johnson); Carmen Ejogo (Coretta Scott King); Giovanni Ribisi (Lee C. White); Common (ator- cantor que divide a música “Glory” com John Legend também interpreta James Bevel); Cuba Gooding Jr. (Fred Gray); Oprah Winfrey (como Annie Lee Cooper), que também é uma das produtoras junto com Brad Pitt. Concluindo, “Selma” é uma novela realista romanceada que merece ser vista e “chorada” (inevitável do meio ao final).