Crítica: O Garoto da Casa ao Lado

Por Fabricio Duque 

O que escrever sobre o filme “O Garoto da Casa ao Lado” se o argumento só corrobora o lado clichê do gênero de suspense? Descrever as falhas óbvias e vulnerabilidades do roteiro é “chover no molhado”. E a pergunta que não quer calar: por que a continuidade em realizar exemplos tão palatáveis de uma cinematografia que está mais em “preencher” vazios não pensantes assim como uma edição do reality show Big Brother? E o mais sério em outra questão: por que o consumo por parte dos espectadores? Estas são pontos importantes para que a análise fílmica seja realizada. A contemporaneidade opta pela facilidade, aceitando gatilhos comuns narrativos como elementos definidores de um resultado que não é satisfatório, tampouco complemento. Equilibra-se por um baixo padrão. Certa vez, o seriado de humor negro e sarcástico South Park já abordou a “péssima” qualidade dos produtos televisivos, e em outro as “maestrias” da atriz do filme daqui, Jennifer Lopez. Quando um produto como esse é comercializado, nós temos o grande problema da retroalimentação, já famoso no comercial “Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque mais?”. A tendência social “programa-se” com o que já recebe pronto e “desiste” de questionar procedências e consequências. “O Garoto da Casa ao Lado” lembra “Obsessão”, “A mão que balança o berço”, “”, mas mitiga positividades, as transformando em “fast food cinema”, como um aperitivo não saudável para driblar a fome. Os transtornos são catastróficos. Incapacidade de concatenar ideias, destruição da capacidade intelectual de “apreciar os clássicos” (referenciados por fases feitas, prontas e de efeito) e o pior de todos, a falta do uso cerebral. Inevitavelmente, já ouvimos que “vou ao cinema para dar um tempo na mente” ou “este filme é muito lento” ou “sou cinéfilo: vi todos os Transformers”. Sinto muito decepcionar estas pessoas, mas não, você não gosta de cinema, e sim da estrutura televisiva hollywoodiana na tela grande. Uma transposição de conceito. Nada contra. Porém o que mais incomoda é que uma quantidade exorbitante de dinheiro seja destinada a este “tipo” e quase nenhuma no gênero de “cinema arte” (outra expressão depreciativa). Tire suas próprias conclusões. Uma professora às voltas com a traição do marido envolve-se com o “amigo” adolescente do filho. O garoto malhado e excessivamente bonito “conquista” o desejo sexual dela, cuja obsessão dele é “levada” às últimas consequências.