Crítica: O Ano Mais Violento

 Por Fabricio Duque

“O Ano Mais Violento” aborda o inverso de 1981, considerado, estatisticamente comprovado, o ano mais violento da história dos americanos de Nova Iorque (“uma verdade loucura”). Na trama, um imigrante colombiano e sua mulher Anna (a atriz Jessica Chastain – que só usou figurino víntage Armani de 1981 – e que substituiu Charlize Theron) tentam “sobreviver” nos negócios petrolíferos (antes funcionário, e agora o donos) da família (conservando e “expandindo” tudo o que construíram), mas eles são constantemente “pressionados” (empregados e pela própria mulher); rechaçados e perseguidos tanto pela polícia (o ator David Oyelowo, de “Selma”, que quer provar roubos na empresa – intensificando a política fiscal rigorosa do então prefeito Ed Koch, entretanto os últimos anos de seu terceiro mandato ficaram escurecidos pelos problemas de corrupção em alguns departamentos da prefeitura, pela epidemia de ‘crack’ e a um aumento da criminalidade e da violência racial), quanto pela violência dos concorrentes. Abel Morales (o ator Oscar Isacc – que substituiu Javier Bardem) vivencia um “moralista politicamente corrente”, que faz de tudo para que seja “respeitado” e que sua “honestidade não se confunda com fraqueza”. A cidade estava “à beira de um colapso”. “Quando você sente medo do salto, é exatamente o momento de saltar”, diz-se, criando uma metáfora com o próprio diretor e roteirista J.C. Chandor (de “Até o Fim” e “Margin Call – O Dia Antes do Fim”), que imprime uma atmosfera nostálgica, filmando uma Nova Iorque diferente, decadente e brutalizada. A fotografia “underground”, envelhecida e antiga adiciona credibilidade à narrativa, que é apresentada de sutileza natural como uma mistura cinematográfica mais explícita de Sidney Lumet com Martin Scorsese (nos anos idos), Clint Eastwood e Irmãos Coen (sem a sarcástica característica marcante), quase sem que o espectador perceba a presença da câmera. Provavelmente, J. C. tenha buscado referência nas técnicas de seu pai, um banqueiro, e “conduzindo” seu caminho à simplicidade não ilusória da imagem. O que vemos está ali: direto, sem subterfúgios e gatilhos comuns. Pensando “especificamente em “Miami Vice” e “Scarface””, ele permeia tensão e arte, já podemos “provar” sua maestria na direção, se nós analisarmos seus sucessos premiados anteriores (descritos acima), e utiliza a trilha sonora como “uma síntese de atmosferas prolongadas”. “Há flautas e cordas, mas também uma espécie de camadas sintéticas de meditação subjacente”, explica.  Recomendado. Principalmente pelo trabalho fabuloso da direção de arte.