Crítica: Happy Happy

Por Fabricio Duque

“Happy Happy”, ou na tradução “Insanamente Feliz” é a estreia na direção da norueguesa Anne Sewitsky (de “Jørgen + Anne = sant”), que busca “abrigo” na característica de realidade do cinema dinamarquês, mas não tão radical. Aqui, a narrativa suaviza os dramas fornecendo uma redenção pela estrutura de apresentação (comodismo e resignação), desenvolvimento (conflitos redefinidores – inserindo o caos e a confusão generalizada com o intuito de se confrontar a mudança e o novo) e o fechamento (a aceitação da nova condição do ser). Digamos que seja uma autoajuda sem o clichê depreciativo e sim uma terapia cognitiva apressada e imediatista. Aos poucos, o espectador conhece os detalhes da trama abordada: traições, recomeços, possibilidades desejadas, reconstrução da autoestima, efeito na criação dos filhos, a “fuga Brokeback Montain”, preconceitos que são despertados, o nazismo enraizado. O longa-metragem, de 2010, que representou oficialmente a Noruega na categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2012, aborda despretensiosamente a história de que quando novos vizinhos - que têm um casamento perfeito - se mudam, Kaja, que preserva a família acima de tudo, começa a enxergar um novo mundo, gerando consequências para todos. Outro elemento técnico muito interessante é a inserção da música country “surreal” como passagem de tempo, que é cantada como videoclipe por um quarteto que interage diretamente com a tela, como um coro grego, que cria o “contraste do drama sério e essa coisa que parece feliz, mas não é tão feliz”. Além disso, a letra traduz em palavras o que os personagens sentem, como por exemplo, “Amazing Grace” e “Over The Rainbow”. No elenco, Agnes Kittelsen (de “Expedição Kon Tiki”), Joachim Rafaelsen (de “Headhunters”), Maibritt Saerens (de “Blå mænd”), Henrik Rafaelsen (de “Blind”). A diretora disse que fazer “humor é muito difícil, principalmente o nórdico”, porque há uma cruel verdade nos diálogos e nas ações, por exemplo, nas cenas que uma criança branca “despeja” caricaturas em uma criança negra (já que adotar “pequenos” etíopes na Noruega é bastante comum), “brincando” do jogo da “Escravidão”. “As crianças são cruéis por natureza sem dosar o politicamente incorreto e ou reações perigosas”, disse Anne. Concluindo, é um filme de humor negro (dinamarquês), mas com um tom leve (norueguês), trabalhando questionamentos dúbios como a homossexualidade e a traição da mãe. Recomendado. Obrigado Cine Joia e a Raphael Camacho por “brigar” pelos melhores filmes!