Por Fabricio Duque
“Força Maior” (ou “Turistas”) foi
o filme escolhido pela Suécia para representar o país no Oscar deste ano na
categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Dirigido por Ruben Östlund (de "De
Ofrivilliga", "Play" – também roteirista, que buscou “inspiração
para algumas cenas no roteiro a partir de vídeos reais do YouTube”), a
narrativa opta pela estrutura realista, com planos sequencias e ou cortes
“expandidos”, reflexivos, existencialistas, de câmera estática (ora subjetiva),
inferindo em muito o cinema do sueco Roy Andersson, porém sem o elemento
característico do surrealismo e sim com a personificação dos detalhes
cotidianos, como engrenagens de uma estação de esqui. A fotografia plástica (de
naturalidade poética) do cenário (branco) da neve lembra a estética de ficção
cientifica geológica epifânica, corroborando com a utilização de um “drone”. A
trama aborda a vida de uma família em crise, que tira férias para resolver
pendências sentimentais do casamento. Os filhos por sua vez traduzem muito bem
o comportamento atual e “mandam” nos pais (e “temem” um divórcio). O possível
“politicamente correto” é posto à prova com os argumentos libertários de outra
pessoa. Aos poucos, nós percebemos o alto grau de individualidade (e egoísmo)
que afeta a família (na cena, por exemplo, de não se importar com outros – ou
melhor – tampouco vê-los). É inevitável não referenciarmos a outros filmes
catástrofes, como “O Impossível” (mas aqui o perigo é apenas “iminente”), ou a
“Festa de Família” – quando um acontecimento (uma “avalanche” – “culpa do
marido (o ator Johannes Bah Kuhnke – que
se parece bastante com o ator Stephen Dorff) serve como subterfúgio
terapêutico “explosivo” (e metáfora) ao estímulo de uma briga “buscada”,
causando desconforto e discussão no casal “visita”. Assim como o estágio
depressivo da esposa que “mina purezas” alheias, a música clássica de Antonio
Vivaldi (L´Estate Summer) também vai corroendo como uma força maior natural
incontrolável e impossível de conter. Recomendado.