Crítica: As Maravilhas

Por FabricioDuque

“As Maravilhas” venceu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2014 e representa o segundo longa-metragem de ficção da diretora e também roteirista italiana Alice Rohrwacher (de “Corpo Presente”), que opta por uma narrativa teatral. A trama, que busca abrigo na atmosfera ruralista do cineasta Bernardo Bertolucci, aborda a vida de Gelsomina (a atriz estreante Maria Alexandra Lungu), uma jovem moça, com o mesmo nome de uma das personagens de Federico Fellini no filme “A Estrada”, que vive com seus pais apicultores (a mãe é a atriz Alba Rohrwacher, irmã da diretora em questão aqui) e suas irmãs na região camponesa da Toscana. Ela resigna-se com a vida simples, submissa, “subalterna”, tímida, apática e sem novidades. Seus “desejos” são despertados com a chegada de Martin e por um concurso de televisão. O filme quer a naturalidade temporal, mas só consegue se comportar de forma arrastada, talvez a passionalidade da direção tenha atrapalhado a cadência, que se mostrou perdida e de um ingênuo melodrama. Por exemplo, os conflitos não se equilibravam, ora por incompatibilidades interpretativas, ora por inserir fragilidades desnecessárias, como o camelo, e um constrangedor programa de televisão local (vivenciado pela atriz Monica Bellucci). Alice preferiu a superficialidade artificial com imagem de cinema talvez por despreparo, insegurança e ou medo de errar. Em hipótese alguma é um filme ruim, porém não desperta interesse, adormecendo com o amador resultado. Um filme simplista que não permite grandes atuações, que não responde todas as perguntas e que se “rodeia” o mesmo espaço sem fornecer direcionamento futuro.