Crítica: O Mistério da Felicidade


Por Philippe Torres

O novo filme do diretor argentino Daniel Burman traz um modelo diferente do gênero mais repetitivo do cinema: A comédia romântica. Conta a história de Eugenio e Santiago, vivido magistralmente por Guillermo Francella, sócios e amigos de longa data. Ambos vivem em uma sintonia incomum, até mesmo caricata. Um dia, Eugenio desaparece sem deixar qualquer notícia. Santiago percebe sua ausência, mas só dá conta da gravidade quando a mulher do amigo, Laura (Ines Estevez), aparece desesperançosa. Os dois começam a juntar pistar que levariam ao paradeiro de Eugenio. O interessante da película é justamente a ausência de um casal estabelecido, incomum no gênero tratado. Muito pelo contrário, há uma desconfiança em relação a sexualidade do personagem principal que permanece até o final, contrabalanceando a relação do “novo” casal, que nunca se junta. Apesar de um modelo narrativo diferente, o longa metragem usufrui de uma trilha sonora bastante irritante, que tenta narrar de forma forçada o rumo das ações a fim de estabelecer uma relação cômica. A câmera é sempre fechada e o fundo desfocado, somado a uma luz branca que romantiza a imagem. A aplicação de tal iluminação traz consigo um ar de artificialidade imprópria, exagerada. A atuação de Ines Estevez, contudo, bastante próxima de uma Cate Blanchet em Blue Jasmine, hipocondríaca, oferece os melhores momentos da obra argentina que, por um lado passa do ponto, por outro oferece novidade.