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Por Philippe Torres
O longa de estreia do diretor Yann Demange conta a história de um soldado britânico deixado para trás em uma missão na fronteira com a Irlanda do Norte após uma revolta popular. A direção é o grande destaque deste filme. Intercalando uma montagem condicionante de uma atmosfera veloz e uma câmera na mão acompanhando rosto a rosto sem cortes, a película apresenta uma cena memorável de perseguição. As ruas estreitas, somadas a velocidade constante, ganham uma expressão particular, caracterizam-se como um labirinto na mente do espectador. Aliás, essa técnica é usada diversas vezes durante o filme, com êxito. Contudo, a partir do segundo ato, o filme perde a essência do gênero guerra, passando a exercer uma função parecida com os filmes policiais, investigativo. Apesar de um tema novo ser apresentado, com indagações religiosas provindas das fronteiras cristã e protestante, parece ser um filme já visto. Sem alongar muito os arcos, a película apresenta-se de forma funcional, inclusive estabelecendo personagens no íntimo do espectador que, ao pensarmos que estes terão grande importância na continuidade, surpreendemo-nos. Por fim, ’71 é um filme que confunde os gêneros, mas com uma técnica funcional e até mesmo cativante.