Crítica: Sin City: A Dama Fatal [Por Philippe Torres]

Por Philippe Torres

É inevitável a comparação de "Sin City: A Dama Fatal" com seu anterior. Robert Rodriguez mantém em seu mais novo trabalho toda a estética encantadora. Uma fotografia neo-noir com elementos de arte capazes de transmitir a essa característica uma representação das histórias em quadrinho. O preto e branco é lindo e constrói toda a repressão que a cidade é capaz de transmitir, as cores que ressaltam, são capazes de identificar as máscaras presentes naquele que está sendo representado. Apesar de pouca mudança em relação ao anterior, há no longa-metragem uma maior preocupação com a poetização imagética, onde justaposição de imagens de ações aleatórias, principalmente de Ava Lord (Eva Green), somadas a uma narração sempre curta e objetiva, relembrando as Graphic Novels, ajudam a descrever a personalidade do personagem da Dama Fatal e seu principal alvo e narrador de tais cenas, Dwight Mcarthy (Josh Brolin). Há uma alteração com relação a estrutura apresentada, no filme anterior havia a divisão da história em capítulos, como nas Hq’s, mas que pertenciam ao mesmo mundo onde os personagens cruzavam-se. Aqui, deixa-se subentendido a presença dessa divisão, de fato é bastante visível sua existência, mas não demarcada, utilizando uma narrativa não linear. Ao fazer isso o diretor afasta sua sequencia do original, tentando não parecer ter realizado o mesmo filme, contudo, ainda se aparenta estar assistindo o primeiro, longe de ser um erro, continua sendo visualmente encantador e roteiristicamente fiel. O diretor consegue trabalhar imagens capazes de fazer-nos lembrar do anterior, lançado há nove anos, como por exemplo a famosa cena em que o personagem de Bruce Willis, John Hartigan, está na prisão, solitário a espera de sua amada e, em uma tomada superior, a câmera afasta-se mostrando o abismo sentimental. A mesma cena é revivida por Jéssica Alba, Nancy, em seu quarto, sofrendo a perda de John. O 3D da película, raro, consegue trabalhar de forma a contribuir com a narrativa do filme. Ao contrário da maioria dos filmes que se utilizam da técnica, onde pretendem ampliar a noção de perspectiva não conseguindo justificar seu uso, aqui há um descolamento dos personagens do cenário, fazendo com que as cores ganhem maior força e aproxime-se das histórias de Frank Miller, criador de Sin City. Os atores que vivem alguns dos personagens já não tem a mesma força que nove anos atrás, vide Jéssica Alba, nem mesmo o filme por completo consegue atingir o mesmo, sendo uma forma de rever o que já foi visto, mas igualmente encantador.