Crítica: Party Girl


Por Philippe Torres

Party Girl, filme vencedor da Câmera de Ouro no festival de Cannes, traz um trio de diretores principiantes: Samuel Theis, Claire Burguer e Marie Amachoukeli. A inspiração para a história contada parte justamente da mãe do realizador e, inclusive, todos os atores presentes aqui vivem a sí mesmos, ou seja, os atores são as personas reais. Uma mulher, hostess em um cabaret apesar dos sessenta anos de idade, gosta da vida das festas e homens. Contudo, seu mais regular cliente, que sempre foi apaixonado, pede sua mão em casamento. É a oportunidade se mudar de vida. Justamente nesse ponto que o principal conflito é estabelecido. Angélique é a verdadeira “Party Girl” da qual o título refere-se. Deverá o humano ser fechado aos cadeados da sociedade? Aos 60 anos, o trabalho que já não é dos mais aceitos torna-se menos ainda. Os conflitos familiares dividem espaço na trama. Contudo, estes não se apresentam de maneira forçosa na narrativa. Os objetos ganham forma e estabelecem os sentimentos economizando palavras que poderiam cair no clichê. Por exemplo, as inúmeras pulseiras nas mãos de Angélique parecem trazer a ideia de uma mulher vivida. Ao contrário, sua filha que fora abandonada, carrega poucas pulseiras e, por sua mãe é presenteada por uma. As coisas ganham uma representatividade onírica. Mentindo para si desde o princípio, a personagem estabelece então as questões dentro de si. O desenvolvimento da narrativa através da montagem e fotografia são eficazes, cores vivas dentro do espaço onde sente-se a vontade, o cabaret, e pálidas fora dele. Contudo, em alguns momentos a direção parece ser preguiçosa, abusando dos planos fechados que não permitem nos fazer conhecer o espaço. Porém, focaliza-se o rosto do personagem e permite conhecê-lo melhor. Se o parâmetro inicial para a carreira dos três diretores envolvidos é Party Girl, bons filmes os esperam pela frente.