Crítica: O Cordeiro


Por Philippe Torres

Uma tradição cultural em uma vila localizada nas montanhas da Anatolia prega que a circuncisão dos meninos seja celebrada com festa, nesta um cordeiro deve ser servido. Mert, um garoto de origem humilde, é submetido ao procedimento, mas seu pai não tem condições financeiras para comprar o cordeiro. Constantemente chamado de “carneirinho”, o menino é enganado pela irmã, que diz ser ele o prato principal caso a família não consiga o dinheiro. “Porque você acha que te chamam de carneirinho?”. Envolvendo debates sociais, do aprisionamento que a moral é capaz de causar ao ser, a película traz com grande sutileza conflitos familiares e a inocência infantil perante a eles. O menino, vivido por Mert Taştan, é uma atração à parte. Sua busca por “sobrevivência” move suas ações ingenuamente pensadas. A direção de Kutlug Ataman é convencional, porém convincente. Utiliza planos fechados para ampliar os conflitos do jovem, contudo aproveita o cenário com alguns planos abertos que favorecerão o sentido da fotografia. Nesta o branco predomina (a neve nas montanhas), é entregue à percepção do espectador o sentido da pureza da criança. A intenção não é promover a criança ao angelical, mas sim como reagem aos conflitos do mundo maduro: dos adultos. Apesar de não ser uma obra-prima, recomendado.