Crítica: La Sapienza


Por Philippe Torres

O novo filme do diretor franco-americano Eugène Green, La Sapienza, traz a história de um arquiteto, Alexandre, muito bem sucedido em seu trabalho, mas que possui enormes problemas em se relacionar, sobretudo com sua companheira Alienor. Em uma de suas viagens conhecem um jovem que deseja o mesmo futuro, a partir desse momento, o arquiteto começa a conhecer a si, aprender com o garoto e mudar sua vida. As imagens construídas na película trazem uma beleza fora do comum. Bastante pictórico, a fotografia funciona como um cartão postal que, através da luz, ponto essencial na filosofia que o filme tenta transmitir, traz contornos a arquitetura italiana. Tudo leva a luz, dialogando com a narrativa. Os personagens de Green não dialogam entre si, discursam. No primeiro ato, percebe-se com grande clareza o incomodo da distância do casal, ampliado pela ausência de trilha sonora e ruídos ambientes. A técnica representativa do diálogo é de clara influência do mestre do cinema nipônico Yasujiro Ozu. Os personagens falam com a câmera, olhando diretamente para esta, impondo-nos a entrar no mundo, conversas e não-conversas da película. La Sapienza utiliza-se de uma filosofia comum e até mesmo de fácil aderência aos olhos ocidentais. A busca pela luz e pelo profundo para a descoberta de si, tanto social como espiritualmente.  Torna-se então um filme onde a mensagem parece trazer algo novo, quando na verdade nada mais é que uma reprodução platônica, salva pela técnica eficaz utilizada pelo diretor. Um filme sobre a busca interior, se é que isso existe.