Crítica: Deus Local


Por Philippe Torres

O longa de terror uruguaio, dirigido por Gustavo Hernandez, conta a história de uma banda de rock alternativo que acabara de gravar um álbum bastante intimista. Em uma viagem para o interior, a banda busca uma locação excêntrica para filmar vídeos musicais. Encontram uma antiga mina que julgam perfeita para a filmagem, porém, dentro desta encontram um ídolo de pedra usado para assustar mineiros. Deus local. Logo, os músicos são forçados a viver eventos do passado que inspiraram as canções do disco. Utilizando-se de uma direção onde a câmera na mão é uma constante, o filme tenta trazer uma sensação de amadorismo nas imagens, como um documento de viagem dos personagens, bastante parecido com a lógica de Bruxa de Blair. A fotografia soma a perspectiva dita. Com pouca preocupação sobre a mesma, o breu natural é aproveitado sendo contrastadas com a luz de lanternas, imprimindo tensão as cenas. A insistência na alteração da profundidade de campo nos planos completa o sentido proposto, apesar de exagerado em alguns momentos. A narrativa não linear somada ao modelo dos atos divididos entre a história de cada uma das músicas (três músicas que representam os membros da banda de mesmo número de integrantes) foge do convencional, apresentando contos diferentes que, porém, se interligam. Apesar da paranormalidade, a película não apela para espíritos, demônios ou possessões. Ao contrário, o grande conflito/vilão do longa-metragem nada mais é do que o passado. Um filme, pode-se assim dizer, existencialista, apesar do gênero em questão.