Crítica: Desligando Charleen


Por Philippe Torres

Mark Monheim traz, em seu primeiro longa metragem, uma linguagem narrativa destinada ao público infanto-juvenil. Fugindo dos clichês do modelo, o filme não lida temas como drogas, sexo ou amor na adolescência. Conta a história de Charleen, uma menina que, aos seus 15 anos, possui conflitos tão relacionados a essa etapa da vida, onde os pequenos problemas tornam-se grandes, e de fato são, até que um dia tenta se suicidar. O filme tem uma pegada cômica bastante interessante ao assunto. Com uma trilha sonora que complementa a construção da principal, Charleen tem na música seu único interesse, curiosamente seus ídolos (Kurt Cobain, Amy Winehouse, Jimmy Hendrix) estão todos mortos. Ousado, o roteiro apresenta seu primeiro ponto de virada logo ao inicio, no momento da tentativa do suicídio. São aproximadamente dez minutos até o acontecimento. Mais, durante esse período não há desenvolvimento nos conflitos vividos pela adolescente, positivo, uma vez que dialoga com o não aprofundamento dos problemas juvenis, sem diminuí-los. Há o desenvolvimento de um relacionamento amoroso que muda o rumo e o humor de Charleen mas, como dito anteriormente, a película não trata dos temas clichês com tanta profundidade, o amor é secundário à história. Contudo, em alguns momentos há exageros nos alívios cômicos utilizados pelo diretor, a maioria deles ligados a imaginação da personagem. Discutindo um tema importante dessa fase da vida e, pouco explorado no cinema, a vontade pelo suicídio, o filme apresenta-se maduro apesar de seu público alvo.