Crítica: Os Mercenários 3

Por Fabricio Duque

Os mercenários estão de volta, com mais princípios morais e mais velhos. A terceira parte mantém a atmosfera de picardia, de deboche amigável, de rabugice comparativa de quem é melhor, de lealdade, de referências passadas e escala um time de “heróis” dos anos oitenta. O “museu de cera” ainda funciona bem, equilibrando humor sem clichê com “tiro, porrada e bomba”, mesmo se utilizando de uma liberdade poética característica em um gênero de ação, o entretenimento visual transpassa, por incrível que pareça, credibilidade factual. Eles estão cansados. Querem parar. Aproveitar a terceira idade. Mas “gostam da estrada” que percorreram e das aventuras “suicidas” que viveram. São “machos alfas” com força física descomunal, porém sensíveis. Tentam conservar no mundo atual “caves” já ultrapassadas, bares típicos, motocicletas e lutas livres (no melhor estilo “Clube da Luta”). São “ogros” que usam a testosterona “raivosa” e passional para provar masculinidade definida e não questionada. “Outro com desejo de morte”, “vocês têm muito em comum”, diz-se enquanto nova equipe (de idade, nas habilidades e na presença de uma figura feminina), - detalhe para o “bullying” com Antônio Bandeiras - é recrutada para um novo trabalho e a “liquidação” de um antigo, Stonebanks. Os novatos, “jovens” e “estúpidos”, traçam “embates” de marcação de território e força aos “vovôs”, que são atualizados por “hackers” de sistema, dando o link para uma possível continuação desta franquia. Na segunda metade do longa-metragem, fornecendo um desenvolvimento narrativo da reviravolta clássica, há muito mais “tiro, porrada e bomba”, tendo em alguns momentos uma física quase inexplicável de saltos, motocicletas voadoras e ações de efeito no limite do limite, declaradamente do gênero de ação. É, sem sombras de dúvidas, entretenimento visual, parecendo um jogo realista de videogame (por causa do elemento humano interpretativo). Com definições de “computador antigo” para os “coroas”, com o “botox máximo” de Sylvester Stallone (que escreveu o argumento e ajudou no roteiro, lógico), com o avião “tubarão”, com Antonio Banderas (de novo) fazendo se parecer a um personagem de Pedro Almodóvar (exercendo sua verborragia elevada à quinta potência), com a “canastrice” de Mel Gibson, enfim, com tudo isso, mesmo o ruim torna-se Cult. O próprio site do filme (da California Filmes) trata o filme os personagens como “jogadores” (quem é, qual a missão e a celebridade favorita do twitter), funcionando como cards. Vale a pena ser explorado. O filme, dirigido pelo australiano Patrick Hughes (de “Busca Sangrenta”), já se inicia com adrenalina. A trupe de mercenários, que conta ainda com Jason Statham, Arnold Schwarzenegger, Jet Li, entre outros, resgata um dos integrantes originais do grupo, que estava preso há oito anos. Daí é criado um embate entre a moralidade dos matadores de aluguel “insanos” e o radicalismo de um “assassino” sem culpas. Diversão garantida.