Crítica: Os Empregados

Por Fabricio Duque
Festival do Rio 2013

“Os Empregados”, dirigido pelo mexicano José Luis Valle (de “Milagre do Papa”, “As Buscas”),  representa uma dura crítica à classe social mais abastada. A solidão da iminente aposentadoria observada, resignada, e vivenciada pelas idiossincrasias, que tem que lidar com a estrutura clássica do costume serviçal. As diferenças aristocráticas estão claras. A idosa doente e “botoxada” observa a limpeza como um “big brother” do cotidiano realista, estendendo a naturalidade. O filme deixa-se acontecer, com câmera estática, quase como um esquecimento. Baseia-se na máxima popular “quando os gatos saem, os ratos fazem a festa”, mostrando que os “empregados” experimentam a luxúria e “um dia de rico”, sabendo que a vida deles está nas mãos dos patrões e vice-versa. Há a codependência, incomodada pela resiliação e pela inércia alienante, quase catatônica, de se acostumar com a situação em que se vive. Tanto de um lado, quanto do outro. Aos poucos, pequenas revoltas e pequenas sabotagens são explicadas, e assim entendemos toda a apatia conduzida.


Rafael trabalhou como faxineiro na mesma fábrica de lâmpadas nos últimos 30 anos. Funcionário dedicado, na véspera de se aposentar – ocasião para a qual comprou até um sapato novo – descobre que, por ser imigrante ilegal, não terá direito ao benefício. Lídia dedicou boa parte de sua vida para cuidar de uma mimada senhora rica. Quando a patroa morre, ela descobre que a fortuna foi herdada pela cadela da casa, sua nova patroa que come em tigela de ouro. Solitários, eles travarão, cada um à sua maneira, uma batalha: Rafael contra a empresa, Lídia contra o cão. Berlim 2013.