Por Fabricio Duque
Festival do Rio 2013
“Invadindo Bergman”, de Jane
Magnusson e Hynek Palla, representou o filme mais cinéfilo exibido no último
Festival de Rio. Com a câmera que humaniza o ambiente e com a frase “Finalmente
alguém me entende” de Michael Haneke, o filme mostra os efeitos que a
influência do cineasta sueco Ingman Bergman tem sobre inúmeros diretores
apresentados (Alejandro González Iñárritu, Zhang Yimou, Claire Denis, Martin Scorsese,
Woody Allen, Wes Craven, . Tendo “a morte como tema recorrente”, a residência
do “protagonista” (visitada como “um parque de não diversão”) era
constantemente adjetivada de “A Meca” e “O Vaticano”. A “invasão” busca a
sinestesia, de observar detalhes e emoções geradas a quem está no “santuário”.
“Não pensar e deixar se consumir pela futilidade”, sobre a experiência. Lars
Von Trier, sempre polêmico, tenta “destruir positivamente” o “velho excitado
que adorava sexo”. A narrativa insere em tela legendas que contam a biografia
de Bergman, que “chegou a outro nível,
em constante debate espiritual, que assistia sempre a três filmes por
dia, que era um contador de histórias divertido e que o silêncio era o elemento
mais analisado”. Seus “convidados”, a elite cinematográfica, pôde “fuçar”
objetos, inclusive a videoteca pessoal, que contava com títulos como “Duro de
Matar”, “Os Caça-fantasmas”, “O Poderoso Chefão”. “Perdi a virgindade com
Bergman”, disse Ang Lee. Os cineastas tornam-se fãs, excitados com “brinquedos
raros”, e esta antropologia fílmica revela mais deles do que do próprio em
questão aqui. Já Claire achou “assustador e íntimo demais” e se sentiu mal
(típica característica do comportamento francês). O documentário “simplifica”,
estimula nossa “memória afetiva” e gera adjetivos como “dom intangível”, dito
por outro mestre.
A isolada residência de Ingmar Bergman na ilha Farö, no mar Báltico,
desfruta de um status mítico junto a muitos cineastas. Alguns a chamam de Meca,
outros temem a longa e estreita casa próxima à praia Persona. Aqui, diretores e
atores de reconhecimento mundial, entre eles Alejandro González Iñárritu,
Claire Denis e Michael Haneke, perambulam pela ilha, visitam a casa de Bergman
e versam sobre a relação de cada um tanto com o genial e endemoniado diretor
quanto com seus principais filmes. Mostram-se cenas inéditas de bastidores com
o mestre sueco. Festival de Veneza 2013.