Crítica: Tom Na Fazenda

Por Fabricio Duque

“Tom Na Fazenda”, quarto longa-metragem do diretor prodígio canadense Xavier Dolan (de “Eu Matei Minha Mãe”, “Amores Imaginários” e “Laurence Anyways”), exibido na Festival de Cinema de Veneza 2013 e ainda inédito nos cinemas brasileiros, imprime atmosfera de suspense psicológico, tipicamente francês, e corrobora o estilo autoral do cineasta em questão aqui. Dolan tem uma forma muito peculiar de traduzir “loucuras” cotidianas à tela. Utiliza-se da passionalidade para que possa “manipular” próximas ações da trama, assim, não se perde em explicações retóricas, tampouco gatilhos comuns. Ele encontra-se em cima de um muro do “ame” de um lado e “odeio” do outro. Não podemos negar sua realização “arrogante”. É como se, pelo idioma francês, apesar de estar no Canadá, “vestisse” a cinefilia “original”. Também não devemos “afastá-lo”, porque Xavier Dolan, querendo ou não, é um gênio. A indicação adjetivada acontece pelo controle preciso que exerce quadro a quadro. A câmera intimista aproxima o espectador, e assim, o cineasta-ator, com cabelo tingido de loiro, pode desferir experimentações angulares, interpretações idiossincráticas, ações (e reações) de cotidiano explícito e íntimo, detalhes indicativos, tempo de processamento, altos, baixos, silêncios e explosões verborrágicas. A codependência esquizofrênica influencia o protagonista pela própria vivência muito pouco adquirida. Um redator publicitário viaja ao interior para o funeral de seu namorado. Lá, descobre que ninguém sabe quem é ele, tampouco sua relação com o falecido, que tem um irmão que determina as regras de um jogo doentio, permitido e aguardado pelo nosso personagem principal. Concluindo, um longa-metragem, tiicamente psicológico, que confronta sentimentos e consequências. Não perca!