Crítica: Três Mundos

Por Fabricio Duque

“Três Mundos” participou da seleção de Um Certain Regard do Festival de Cannes 2012 e aborda um dos temas mais característicos do cinema francês: a moral existencialista. A trama conta como um acontecimento trágico modifica, psicologicamente, a vida de três pessoas diretas e indiretas. A diretora francesa Catherine Corsini (de “Partir”) busca abrigo nos filmes de Claude Chabrol para traduzir em tela as desventuras éticas de seus personagens. A narrativa pode ser referenciada a “Instinto Materno” (ganhador do Berlinale) e “Separação”, já que a crise moral impede a tranquilidade cotidiana. A estrutura apresentada de telecine corrobora a transformação da cinefilia em palatáveis produtos comerciais (com pretensão Cult). “É narcisista ao tentar consertar a vida dos outros”, diz-se. A passionalidade típica dos franceses (com seus rompantes ingênuos de agir por impulso sem pensar nas consequências) dá lugar ao exagero interpretativo, quase de técnica sistemática. Opta-se pela “zona de conforto”, pelos olhares artificiais e por um cinema-teatro que precisa da cumplicidade do espectador para existir. O interessante roteiro aos poucos resolve se arrastar e assim atende mais à estrutura americana (com seus cortes rápidos, plano e contraplano, sua música de efeito – e sentimental), desequilibrando o resultado desenvolvido. A trama insere inúmeras reviravoltas e como não tem tempo, corre para resolvê-las. Concluindo, um filme-televisão no cinema.