Crítica: É O Homem Que É Alto Feliz?

Por Fabricio Duque

Apresentado no Festival de Cinema de Berlim, em fevereiro de 2014 e no último É Tudo Verdade, o novo filme “Is The Man Who Is Tall Happy?” (traduzido literalmente como “É O Homem Que É Alto Feliz?”) do “inquieto” diretor francês Michel Gondry (de “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”, “A Espuma dos Dias”), cineasta que experimenta inovações cinematográficas, principalmente no contexto narrativo. A forma como traduz suas ideias à tela corrobora sua estrutura de criação. O documentário é sobre o linguista americano Noam Chomsky, nascido em 1928 e “um dos maiores pensadores contemporâneos”. A animação personifica ideias apresentadas por desenhos interativos à tela (pelo próprio Gondry, que disse que seu nervosismo “em não falar besteiras” o impediu de ser mais ousado nas perguntas – que fazem parte do processo de entrevista ao “personagem” abordado aqui). “Faço filmes porque acho que ainda consigo mostrar para o espectador alguma coisa diferente do que os outros fazem, e foi por isso que tentei o Chomsky”, disse o cineasta que buscou a animação abstrata para que o espectador “assista ao filme várias vezes”, devido à verborragia e à rapidez nas imagens quase em videoclipe. É necessário um nível mais elevado de concentração para que se possa conjugar o que se diz com o que se vê, gerando uma “disputa” no espaço da tela. Realmente não é um documentário palatável, talvez pela longa duração e pelo fato de não ser muito explicativo, às vezes chato e repetitivo, mas em hipótese nenhuma, desinteressante. Pelo contrário, palavras, ideias, genialidades, ingenuidades e radicalismos são confrontados, “obrigando” a cada um que assiste “criar técnicas particularidades para si”. Um filme livre, quase amador, apaixonado e como sempre na obra de Michel Gondry, “meio sujinho”.