Crítica: Ernest e Celestine

Entre Ursos e Ratos Ilustrados

Por Fabricio Duque

“Ernest e Celestine”, indicada na categoria de longa-metragem de animação ao Oscar 2014 e já com noventa e quatro porcento de aprovação da audiência (pelo site Rotten Tomatoes), “arrecada” prêmios pelos lugares que passa, entre eles o Prix SACD  (Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes) e o Los Angeles Film Critics Association Awards. O filme dirigido a seis mãos, pelos belgas Benjamin Renner, Vincent Patar e Stéphane Aubier, é baseado em uma série de livros infantis de mesmo nome publicado pela autora belga Gabrielle Vincent. Opta-se pela técnica animada de transpassar à tela uma estrutura clássica de histórias, apresentando a ilustração como fotografia narrativa, e conservando a narração de gênero francês (com análises existencialistas dos seres em questão). A trama aborda tipos intrinsecamente idiossincráticos, no embate pré-conceituoso entre ratos e ursos. A fantasia torna-se realista ao “humanizar” sentimentos de solidariedade, companheirismo, comodismo emocional, medos enraizados, coragem ingênua, individualismo defensivo e amizade conquistada, tudo mostrado com sincera simplicidade ao dissecar camadas complexas do comportamento social e de personalidades “adquiridas”. Basicamente, um urso músico e palhaço encontra uma ratinha orfã e constroem, naturalmente, uma vida confortável, tolerável e respeitosa entre eles. Como foi dito, um longa-metragem de curta duração, simples sem ser simplista, que se utiliza da sutil perspicácia da infância para criar o universo fílmico.