Crítica: Capitão Phillips

Um "Navio Cinematográfico" Salvo Por Experiência

Por Fabricio Duque

Se não fosse pela experiência do ator Tom Hanks,‭ ‬o novo filme do diretor Paul Greengrass (de “Domingo Sangrento", “Supremacia Bourne", “Vôo United 93“) talvez fosse mais um entre tantos no gênero de ação.‭ ‬Utilizando-se da estrutura de documentário,‭ ‬de câmera intimista e trêmula‭ (‬a fim de transformar o espectador em um participante do filme‭)‬,‭ ‬referenciando a técnica escolhida a‭ “‬Guerra ao Terror‭”‬,‭ “‬Resgate do Soldado Ryan‭” ‬e aos filmes de Michael Winterbottom‭ (‬não pelo conteúdo‭)‬.‭ ‬Apresenta-se unicamente como entretenimento,‭ ‬com elementos característicos:‭ ‬narrativa de efeito,‭ ‬drama catártico,‭ ‬vidas no limite entre morte e sobrevivência,‭ ‬cortes videoclipes,‭ ‬tomadas aéreas,‭ ‬reviravoltas práticas e rápidas,‭ ‬comportamento técnico americano,‭ ‬os terroristas‭ – ‬neste caso,‭ ‬os piratas somalianos.‭ ‬O conflito‭ (‬o sequestro do cargueiro‭) ‬acontece logo nas primeiras cenas,‭ ‬apropriando-se da linguagem‭ “‬poética‭” (‬não crível‭) ‬para embasar o ritmo acelerado.‭ ‬Como já foi dito,‭ ‬se não fosse Tom Hanks‭ (‬com sua perspicácia interpretativa‭ – ‬de segurar,‭ ‬conduzir e extrair cumplicidades dos outros atores‭)‬,‭ ‬o filme passaria despercebido,‭ ‬visto a quantidade‭ (‬e similaridade‭) ‬produzida nos Estados Unidos.‭ “‬Capitão Phillips‭” ‬comporta-se como a edição ágil‭ (‬sem a‭ “‬possibilidade‭” ‬do respiro‭) ‬de‭ “‬Gravidade‭” ‬e de‭ “‬Argo‭”‬.‭ ‬Não podemos negar que o longa-metragem captura o público em uma aventura eletrizante.‭ ‬A história usa o pano de fundo do sequestro‭ (‬baseado em uma história real‭)‬,‭ ‬mas se preocupa muito mais com a embalagem que o próprio conteúdo.‭ ‬De novo,‭ ‬a figura de Tom Hanks pontua e equilibra a linha narrativa‭ (‬sem esquecer do ator somaliano Barkhad Abdi - indicado ao Oscar 2014). Talvez, as curiosidades “deixam” o filme mais interessante. Ao ser entrevistado, o protagonista disse que só teve contato com os “sequestradores piratas” no dia das filmagens. Isso despertou o elemento surpresa não interpretativo, “ajudado” pela câmera próxima aos atores, que foram dirigidos durante sessenta dias à bordo. Baseado no livro "A Captain's Duty : Somali Pirates, Navy SEALs, and Dangerous Days at Sea", escrito por Richard Phillips, o filme tenta traduzir a atmosfera de terror, unindo “dramaticidade da ação real”.