Crítica: Tatuagem [Por Francisco Carbone]

Por Francisco Carbone

Livre da sombra do grande amigo Cláudio Assis, a impressão que temos é de que Hilton Lacerda finalmente fala por si, e mostra sua face doce e calorosa, como um beijo que se anseia. Clecio e Fininha nunca se viram, apesar da proximidade de inter relações. Enquanto o segundo passa os dias servindo o quartel como soldado, o primeiro é o líder de uma trupe de artistas mambembes que se apresentam no luxurioso Chão de Estrelas, palco onde tudo pode acontecer. É lá que Lacerda promove o encontro ente seus dois protagonistas, quando Fininha ouve Clecio cantar "Esse cara" (pelo amor de Deus, favor não confundir Caetano Veloso com Roberto Carlos!), e a magia se dá. A música, a dança, a pele, o cheiro, o encontro e a paz. A paixão avassaladora entre um artista contestador e um símbolo da repressão no calor dos anos 70 inflama tela e corpos, em montagem estupenda. Graças a estreia de Jesuíta Barbosa, a presença fulgurante de Rodrigo Garcia e ao talento superlativo de Irandhir Santos ('O Ator' do Festival 2013), Lacerda tem nas mãos a argila para fazer um dos filmes mais corajosos e inspiradores da temporada, que bebe nas fontes da liberdade, da coragem e da paixão para contar uma história que está cada vez mais atual e bonita. Afinal, uma história de amor.