Crítica: Taboor

Por Fabricio Duque

"Taboor" apresenta-se como a vanguarda do cinema iraniano. Com temática existencial e planos longuíssimos (com frames de espera estendida), a narrativa importa o tempo e o silêncio dos filmes interioranos e clássicos da cinematografia do Irã. Neste, o diretor Vahid Vakilifar (de "Gesher" em 2010 - premiado nos festivais de Abu Dhabi e de São Petersburgo) insere estrutura futurista dentro da realidade concretista. São apresentadas os porquês aos poucos, sem a explícita explicação. Infere-se todo tempo. Entendemos que a missão de um homem misterioso é destruir ninhos de baratas, vestido com um traje de alumínio, assim como a linha narrativa de condução. Vahid, nos créditos finais, agradece ao cineasta Abbas Kiarostami, principalmente por sua obra "Gosto de cereja". Há lógica inferência ao universo de outro diretor: Andrei Tarkovski. O filme é o retrato de um dia na vida de um senhor que trabalha com dedetização e que sofre de uma doença, protegendo-se em ambientes e roupas metalizadas de alumínio. As metáforas da morte, da espera pela vida, do tédio são indicadas pelo som. Os ruídos participam como personagens palpáveis, ora como proteções a outro semelhante, ora como defesa da própria individualidade. Não há diálogos. E sim narrações que tentam transpassar a própria trama, analisando o tudo ao redor e as especificidades: ("A barata é mais limpa que a mão do ser humano", "A carne que iguala o fritamento do corpo"), o simulador 5D que suspende o pensamento real. Percebemos uma existência sem futuro, sem descobertas, sem pessoas. Taboor é um filme curioso, que instiga, que cansa, que divide opiniões, mas que corrobora que ninguém sai imune dos simbolismos surreais projetados desta obra de realismo fantástico.