Crítica: Seduzido e Abandonado - Os Bastidores de Cannes

Por Fabricio Duque

Muito mais que um filme apaixonado sobre a arte cinematográfica de se fazer filmes, o documentário "Seduzido e Abandonadona - Os Bastidores de Cannes", filmado em 2012 na 64a edição do Festival da Riviera Francesa, mostra as dificuldades de se conseguir um financiamento. Utilizando-se de narrativa irônica, com base na série de televisão "30 Rock", traz o diretor James Toback e o astro ator Alec Baldwin tentando entender de onde o dinheiro vem. Eles passeiam pelos bastidores do Festival de Cannes em busca de encontros e eventos em que possam conversar com diretores, produtores e atores, e assim convencê-los a participar do financiamento do próximo projeto da dupla, revelando que muitos profissionais têm uma relação desconfortável com a indústria do cinema. A dupla conversa com, os cineastas Martin Scorsese, Bernardo Bertolucci e Roman Polanski, e com os atores Ryan Gosling e Jessica Chastain, entre outros. "São extremos: 95% de tentativas e 5% de realização", dizia Orson Welles. Por incrível que pareça, apresenta-se como um filme otimista. Os "personagens que procuram" não desistem, tampouco perdem a energia (mesmo tendo que adaptar o roteiro para que possa ter o dinheiro). "É 'O Artista' (o filme)? Ganhou o Oscar", pergunta-se. "Não é vendável", diz-se, seca e diretamente. "Neve Campbel e Alec também não", silêncio. Eles entram no universo dos lobos famintos da natureza cinematográfica. E quem ganha mais é quem tem fama. Pensando, pergunto-me a causa do sucesso. Ryan tem talento demais ou sorte? Deram certo de estar no lugar certo e terem conversado com pessoas certas? Um filme questionador dentro da diversão pretendida de suavizar o tema polêmico. Debocha sem agressividade. Inteligente, desdobrador, incisivo e engraçado, com edição ágil e agradável, sem cansar narrativamente. Então, para se ter um filme, necessita-se de três coisas: atores famosos, histórias fáceis (clichês) e um ótimo poder de persuasão.