Crítica: O Lobo Atrás da Porta [Por Francisco Carbone]

Por Francisco Carbone

Difícil escrever sobre esse filme, evitando spoilers e exageros elogiosos que levem até a uma pista qualquer de uma trama que desce melhor sem qualquer dessas coisas. Posso dizer então que o subúrbio carioca poucas vezes foi tão bem filmado, sem retoque ou armadilha estereotipada. Apenas um lugar, capaz de guardar desejo ou mistério, como qualquer outro. Que Lula o fotografou tão bem, com luz acertada e posicionamento impecável. Posso dizer também que ninguém sabe o que se esconde na alma humana, talvez nem cada próprio ser saiba. Que os descaminhos por onde cada um passa molde você assim ou assado, e talvez apenas a soma dos fatores, a interação entre as diferentes realidades nos molde e nos faça ser quem somos. E determine nossas atitudes. Que o comportamento humano esteja escondido e nunca na superfície, e que nossa real índole as vezes aflore, e as vezes não. Afinal, quem é o lobo atrás da porta? Talvez Milhem Cortaz, sedutor, seduzido, homem, pai e senhor das ações... e reações. Quem sabe Fabiula Nascimento, frágil, determinada, um poço de virtudes ou ingenuidades. Ou ainda Leandra Leal, a mulher pura e suburbana, ingênua e romântica, intensa e passional, um raio de sol, uma labareda, uma nevasca fria. Sem nunca esquecer a presença de Thalita Carauta (um furacão avassalador, com 3 cenas que clamam mais 10!), o lobo está solto. Impossível segurá-lo.