Crítica: Halley

Por Fabricio Duque

O filme "Halley" é a estreia na direção de longa-metragem do diretor mexicano Sebastian Hofmann. Representa a metáfora existencialista da contemporaneidade (de que tudo existe, mas não se percebe pela auto-preocupação). O realismo fantástico humaniza a morte de forma quase lisérgica e totalmente sinestésica (ao espectador). A trama acontece no tempo de uma decomposição física de pós morte, já que se trabalha com a figura do morto vivo. O simbolismo é a frieza comportamental da sociedade do dias de hoje. Incomoda tanto pelo escatologia visceral, que boa parte do público (mais da metade) deixou a sessão do Estação Rio. O visual, dentro da calma dos acontecimentos, indica a literalidade da morte. E a mensagem é que o outro está invisível aos olhos (morto). A incomunicabilidade, o individualismo coletivo e a alienação pelo ponto de vista de uma academia transpassam a crítica social a nós mesmos. É estranho, repulsivo, surreal, assim como o doente que se torna a doença. De premissa incrível, um pouco longo, mas acima de tudo, curioso e interessante.