Crítica: Feio

Por Fabricio Duque

O diretor indiano Anurag Kashyap (de "Gangues de Wasseypur", destaque do Festival de Cannes 2012), resolveu seguir pelo caminho do cinema comercial hollywoodiano e não pelo gênero típico de seu país: bollywood. Substituiu os musicais por óperas rock barulhentas no novo filme "Feio", seleção oficial da Semana da Crítica no Festival de Cannes deste ano. Tenta recriar o estrangeirismo americano em sua origem, escalando atores que se comportam como caricaturas interpretativas. Talvez este seja a verdade intenção do filme. A estrutura de ação engloba trama mirabolante, manipuladora, violenta, buscando ser ágil como um filme de 007 e ou engraçada (como a cena da delegacia que se discute atores e tecnologias - a melhor do filme). São tentativas de confundir os acontecimentos, exemplos autorais de um roteiro de Quentin Tarantino. Mas se perde pela atrapalhada direção de tentar conjugar tudo ao mesmo tempo. Rabul e Shalin estão divorciados. Desde a separação, Kali, a filha de 10 anos do casal, vive com sua mãe e seu padrasto Shoumik, chefe da tropa policial da cidade de Mumbai. Durante um passeio de sábado em companhia de seu pai, Kali é sequestrada. Com o sumiço da menina, inicia-se um jogo de transferência de culpa entre os membros da família. O filme mistura thriller psicológico e drama emocional. Equilibra-se na linha tênue da pretensão e da ingenuidade amadora. Uma dica é sair com uma hora de filme e retornar nos vinte minutos finais para que não se perca, em hipótese alguma, a dança hilaria e surreal do dinheiro.