Crítica: Terra Prometida

Um Filme Quieto

Por Fabricio Duque

"Terra Prometida" configura-se como o novo filme do diretor Gus van Sant (de "Elefante", "Inquietos", "Milk"), que retoma a parceria com o ator Matt Damon ("Contágio", "Behind the Candelabra"), desde "Gênio Indomável" e "Gerry", tendo ainda no elenco a atriz Frances McDormand ("Fargo", "Queime Depois de Ler"). É um longa-metragem que uiliza narrativa clássica, linear, de família, para abordar a transformação ética de um indivíduo social. Definitivamente não parece ser um exemplo de cinema autoral do cineasta que contava histórias extremas pela sutileza cotidiana da violência interna do ser humano. E sim de uma experimentação simplificada (pelo comodismo estrutural) da cinematografia de estilos e técnicas, transpassando ao espectador uma realização sob encomenda por ambientalistas, reiterando a generalidade de um discurso por imagens. Em hipótese alguma pode ser depreciado ao negativismo, apenas há a percepção do comum. Se  buscarmos referências, então captaremos influências de três vertentes. De cima, da direção. Gus usa a câmera leve, gruas, silêncios e pensamentos interpretativos. Do lado dos atores temos Matt imprime a atmosfera de filmes do cineasta Steven Soderberg e de "Compramos um Zoológico", de Cameron Crowe; e Frances que traz o humor contido das obras dos Irmãos Coen. Toda esta miscelânea é juntada pelo menos, sem excessos, quase sem as detectar. É um típico sessão da tarde, condensando estilos, conduzindo na linha tênue entre o clichê (câmeras lentas, redenção - "é só um trabalho", finais felizes) e a realidade concretista (personificação dos elementos da natureza por efeitos live-action). Os diálogos traduzem cumplicidade e naturalidade resiliente e são extremamente bem construídos e conduzidos pelos atores (famosos ou não).