Crítica: Sonar

Por Fabricio Duque

Sonar é um filme que conduz por uma narrativa sem pressa, respeitando o tempo real do cinema. Em determinado momento, o espectador pode captar uma atmosfera pretensiosa e sem sentido, por causa da exacerbação de experimentações estéticas visuais. Mas não é. O roteiro traduz o tédio, a busca constante pelo amor e a falsa liberdade sexual (hipócrita pela consequência da culpa e do ciúme). É o universo de jovens contemporâneos da nova Alemanha, que data uma nostalgia não caricata do movimento beatnick, lembrando "Last Days", do cineasta Gus van Sant e "On the road" de Walter Salles. Há bebidas, drogas, sexo, solidão, suicídio, tudo embalado pelo som punk-rock existencial e pela epifania que a música ocasiona. Um filme lento. Com 77 minutos que parecem horas. Talvez o filme precise deste tempo para acontecer, para que se desenvolva com maestria naturalista, de câmeras não convencionais (expandindo da tela) e da normalidade comportamental (com seus anseios, medos, ansiedades, estágios perdidos e confusão existencial). O que mais importa no filme é o amor ("All you need is love"). Segundo filme do diretor Athanasios Karanikolas (de "Elli Makra - 42277 Wuppertal"). Uma experiência sensorial que precisa ser vivida pelo espectador.

Um ano depois da morte de um amigo em comum, um grupo de jovens se reúne numa casa de campo para homenageá-lo. Cada um a sua maneira tenta lidar com o fato de este amigo ter tirado a própria vida. O lamento do grupo desemboca numa explosão emocional de amor, ódio, música, dança, sexo e álcool. Uma jornada intensa por um mundo de lamentações e verdades impiedosas. Num filme de observação, momentos de reflexão se alternam com as expressões individuais de tristeza. Mostra Fórum do Festival de Berlim 2013.