Crítica: Sapi

Por Fabricio Duque

"Sapi" demonstra mais uma experimentação de gênero do diretor filipino Brillante Ma (acrescentando mais uma vez o "Ma" no nome - de "Serbis") Mendoza (leia aqui sobre o cineasta). Homenageando o cinema terror oriental (contextualizando tensão ao espectador), mescla características autorais já conhecidas como câmera na mão que interage com o espectador (criando cumplicidade e o integrando a cena) e a naturalidade das ações apresentadas como a violência não gratuita e a verdade fílmica. Opta pelo mockumentary por tratar a loucura social pela massificação da televisão e pelas crendices populares tão comuns no país, como possessões sobrenaturais e exorcismo. O filme é a junção da estrutura de seus longas-metragens anteriores, "Kinatay" com "Lola". São inferidas referências aos filmes "Poltergeist", "O Chamado" e "O Exorcista". 


Por Francisco Carbone

Incrível como um diretor como Brillante Mendoza anda errando. Recebido como a nova salvação do cinema há uns 5 anos, desde o ano passado mostra que pode ter sido uma andorinha de verão, o que volta a acontecer com esse 'Sapi', espécie de cartilha sobre crendices populares filipinas nos dias de hoje, com práticas de exorcismo super consideradas normais e corriqueiras. Isso é um ponto mais que positivo do filme, colocar um assunto que é mostrado pelo cinema americano como sinônimo de terror, medo e susto num contexto ordinário e banal, onde qualquer criança e vizinhança reconhece (e que é alvo de preconceito social, vejam só!). Mas o que começa de forma promissora usando o 'mockumentary' de forma honesta (afinal, há uma disputa entre redes de televisão para mostrar os exorcismos ao vivo), aos poucos vai viajando além da conta, culminando em cortes bruscos e cretinos. Agora é aguardar porque o festival tem mais um Mendoza esse ano ('Vosso Ventre') que dizem ser excepcional. Em nome de alguém que entregou 'Lola' e 'Kinatay', nós respeitamos e aguardamos. Nesse aqui a inventividade que já vimos com ele passa bem longe.