Crítica: Os Amigos [Por Francisco Carbone]

“É um filme delicado sobre este sentimento tão desglamourizado, a amizade, e seu discreto poder subversivo, revolucionário na nossa vida, no sentido de nos fazer sobreviver não só as asperezas do mundo, bem como as perdas que afinal fazem parte deste mundo. É um dia que faz Théo acordar para si mesmo, voltar às origens, se redescobrir", disse a diretora Lina Chamie.

Por Francisco Carbone

Mamãe sempre dizia: não repita o que você não gostou. Eu prefiro acreditar no aprimoramento humano, na capacidade que cada um de nós tem de dar a volta por cima, e se superar constantemente, é do ser humano. Infelizmente Lina Chamie ainda não chegou nesse ponto da carreira; com os erros de outrora se repetindo e ela tendo a certeza que está no caminho certo (isso é claro na evolução de seus filmes; evolução foi piada...), acho praticamente impossível que isso aconteça com ela. Tudo que estava errado em 'A via Láctea' está errado em 'Os Amigos': a pretensão horrorosa, o ato de se repetir e querer morder o próprio rabo, a construção esquemática de roteiro, a direção feia e ineficaz, os enquadramentos errados, a tentativa de poetizar o dia a dia da forma mais  "fake" possível, os textos declamados, a afetação explícita, a redundância, a clara interpretação de estar fazendo algo maior que si mesma. Enfim, Lina... tá na hora de fazer outras coisas na vida, outras atividades. Fica o lamento por Marco Ricca, um ator visivelmente comprometido e interessado, entregue a uma ideia diferente da sua em matéria de compreensão. Lina ainda não chegou no nível de Ricca, e possivelmente precisa de dicas dele pra evoluir, aquela tal evolução a qual ele já chegou (vide sua estreia atras das câmeras, 'Cabeça a Prêmio'), e ela não. "Busquei elementos da própria vida, das perdas, experiências vividas. É interessante e um tanto mágico, quando perdemos alguém querido essa pessoa passa a existir numa outra dimensão afetiva. Talvez, uma coisa a todos os meus filmes, de certa forma, seja uma visão rousseauniana, isto é, a minha crença no ser humano. Vamos ver até quando”, finaliza a diretora Lina Chamie.