Crítica: The Canyons

Precipícios Cinematográficos

Por Fabricio Duque

Antes de se traçar linhas analíticas sobre "The Canyons", o novo filme de Paul Schrader, é necessário digressionar um preâmbulo explicativo sobre o diretor americano, nascido e criado em uma comunidade ultrapuritana dos calvinistas holandeses locais, que só conheceu o cinema na universidade porque era uma arte proibida, estudante de teologia, apaixonado por  mestres como Bergman, Dreyer, Bresson, Fellini, Antonioni e Ozu, ex-drogado e freqüentador do bas-fond do centro da cidade de Nova Iorque. Então, podemos definir Paul Schrader (de "Gigolô Americano", Submundo do Sexo", "A Marca da Pantera", "O Seqüestro de Patty Hearst", "O Acompanhante" e roteirista de "Taxi Driver") como um experimentador de estilos, narrativas e referências cinematográficas, quando assistiu cerca de mil filmes durante um ano, começando a trabalhar como crítico, ao mesmo tempo que se diplomava em Teoria do Cinema. Não podemos negar que o seu currículo é impecável. Assim, talvez, possamos entender a miscelânea de estilos e técnicas em seu mais recente filme. É um longa-metragem que quer comportar-se como um universo jovial dentro de questões adultas, como uma refilmagem da nostalgia pela limitação interpretativa dos atores de hoje em dia. Podemos inferir ao remake de "Ligações Perigosas" em "Segundas intenções", com Ryan Phillipe. É cada vez mais difícil apreciar atores que se preocupam muito mais em enrijecer seus músculos e ou tratar a magreza que aqueles que usam o talento nato como fio condutor de seus trabalhos. Assim, a superficialidade interpretativa ganha espaço na produção em questão aqui. Quanto à parte técnica (fotografia, câmera e seus ângulos, cenário) não há pontos fracos, conduzindo simetria, tempo certo do corte e gruas que acompanham personagens. Mas se o "presente" não agrada, a embalagem não é guardada. "The Canyons" deu preferência somente à parte externa, esquecendo de "comprar" um roteiro e atores que convencem.