Crítica: A Grande Beleza

Uma Obra de Grande Beleza

Por Fabricio Duque

O novo filme "La Grande Bellezza", do cineasta italiano Paolo Sorrentino (de "Aqui É Meu Lugar", "Il Divo") foi ovacionado a ser apresentado aqui no Festival de Cannes 2013. Em um primeiro momento, o filme pode parecer exótico e estranho demais. Mas quando se desenvolve, percebemos a intensidade da metáfora desferida neste exemplo de fábula realista. Utilizando-se o recurso da epifania, do surrealismo e do exagero colorido, o diretor externaliza críticas quanto à sociedade, representada de forma defensiva pela alienação moral e estética. São inúmeras referências fílmicas, o cineasta italiano Frederico Fellini e seu longa-metragem "8 1/2" é uma delas. 

É fantasticamente grandioso, maravilhoso e magnífico. Uma obra de arte que representa o universo dos que não querem envelhecer (e que se seguram nas músicas eletrônicas de boates e ou nas cirurgias plásticas). A narrativa corrobora o estilo autoral e já inventivo de Paolo ao experimentar enquadramentos de câmeras e personificar "assobios, assovios e sibilos", narrando de forma terapêutica (buscando a cumplicidade com o espectador) o existencialismo, sem máscaras e sem nada a perder, que se encontra nas "pendências" da alma. É como se com isso, zerasse os erros, aceitando o porquê das causas. 

E assim tranquilizar as ideias de querer mudar a estrutura comportamental humana. A sinceridade (sem ressalvas e sem medos da verdade) traduz o que é dito em poesia concretista de uma realidade identificável e possível. Mais uma vez, escala-se o ator Toni Servillo (que já trabalhou com o diretor em "Il Divo", "As Consequências do Amor" e prova-se que a escolha é mais que acertada, imprimindo o tempo certo da interpretação, ora se apresentando de forma ingênua, ora de forma introspectiva. É impossível "proibir" as lágrimas.  PALMA DE OURO!

Em Roma, durante o verão, o escritor Jap Gambardella (Toni Servillo) reflete sobre sua vida. Ele tem 65 anos de idade, e desde o grande sucesso do romance "O Aparelho Humano", escrito décadas atrás, ele não concluiu nenhum outro livro. Desde então, a vida de Jep se passa entre as festas da alta sociedade, os luxos e privilégios de sua fama. Quando se lembra de um amor inocente da sua juventude, Jep cria forças para mudar sua vida, e talvez voltar a escrever.Este é o quinto filme do diretor Paolo Sorrentino exibido no festival.A atriz Angelina Jolie faz uma ponta no filme, no papel de uma jornalista de moda.