Uma Versão Latina
Na Odisseia Do Espaço
Por Narda Staël
É com glamour que começa essa homenagem a um dos maiores ídolos da música. A primeira cena do filme “O Último Elvis” é feita com uma câmera que treme ao subir uma escada que vai dar num local todo enfeitado, como se fosse acontecer um grande evento festivo. E a trilha sonora que embala essa cena sugerindo ao espectador a entrada triunfal do personagem principal são as notas épicas de uma música que na minha memória de cinema remete a ópera espacial "2001 - Uma Odisseia no Espaço" do diretor Stanley Kubrick. Mas, contradizendo as expectativas anteriores, essa cena é finalizada com o aparecimento de um homem gorducho travestindo roupas extravagantes parecidas com as de Elvis. “O Último Elvis” traz como protagonista um homem que leva vida dupla. Carlos Gutiérrez, durante o dia é um pobre-coitado, empregado numa indústria. E, à noite, veste-se com figurinos chamativos e brilhosos se transformando numa versão meio cômica do ídolo pop. Não bastando toda a performance, o tal fã exagerado insiste em chamar a ex-mulher, de Priscilla, mesmo nome da senhora Presley, e, ainda batizou a filha e o carro com o nome de Lisa Marie, filha de Elvis. É muito fanatismo pelo Rei do Rock, não é? Talvez seja essa adoração pelo ídolo que o faz superar o caos que é a sua vida: problemas familiares e no trabalho são mostrados através de uma lente caótica e imprecisa. Mas, que em vez de afastar o espectador, funciona ao contrário. Faz uma espécie de humanização desse cara que pode ser qualquer um de nós. Nessa alegoria de faz de conta, o filme argentino dirigido pelo estreante Armando Bo está longe de fazer uma crônica social ou sequer permear qualquer crise de valores. Só a ilusão de Carlos interpretado pelo brilhante John McInerny parece mover a trama. Apesar de sutil no início, o filme tem uma revira volta, desencadeando um desfecho trágico de punição ao personagem. Tudo isso embalado numa trilha sonora de louvor. É pra ver e ouvir!