Crítica: Os Croods

Evolução da Mente Humana Com Diversão e Delírio Visual

Por Bruno de Souza

Em 2001 quando estreou nos cinemas a animação “Shrek” dos estúdios DreamWorks, o filme provocou uma revolução no gênero e na cinematografia em geral, quebrando o conceito prévio da animação com o título de ser infantil, trazendo um humor sarcástico e parodiando o tom fabuloso que até o momento prevalecia dominado pelos estúdios Disney, que mais tarde se viu na necessidade de modificar com diversos tropeços, mas alguns acertos como “Enrolados” e então o excelente “Detona Ralph” que entrou em cartaz esse ano nos cinemas brasileiros. Foi então, que a DreamWorks continuou a utilizar a mesma forma para o resto de sua filmografia como “Madagascar” e “Monstros vs Alienígenas” , estabelecendo assim uma vertente mais cômica de quase paródia e se afastando cada vez mais do seu público alvo, as crianças. Nove anos depois do enorme sucesso do ogro verde e suas continuações, a DreamWorks com a contratação de Chris Sanders , responsável por “Lilo e Stich” da Disney, parecia alcançar um novo patamar com o longa “Como treinar seu dragão”, aonde uma aventura era conduzida de forma mais densa e emocional com um excelente visual que impressionava pela qualidade dos desgins. Após o filme, o estúdio continuou a realizar outras obras com a estrutura anterior. Agora em 2013, Sanders retorna na direção da nova animação do estúdio ao lado de Kirk de Micco, responsável pelo fraco “Space Chimps”.“Os Croods” é uma ideia original da Ardman com a DreamWorks que seria rodada originalmente em stop motion. Após a separação das empresas a DreamWorks ficou com os direitos do filme, no qual resolveu realizar em animação 3D chamando Chris Sander para reescrever o roteiro. A primeira vista de qualquer trailer ou imagem divulgada notava-se uma relação com outra família das cavernas, Os Flintstones. Liderado por um sujeito forte e bonachão e com picuinhas com sua sogra a lá Fred Flinstone, as referências param por aí. Existem semelhanças com outra família da pré história a de “Família Dinossauro” e no teor da história, diversas similaridades com a franquia “A Era do Gelo”. “Os Croods” segue mais a linha do estúdio sem o pretexto de ser algo mais que uma divertida aventura, e consegue. É interessante analisar que todos os filmes de Chris Sander possuem sempre uma temática familiar, seja uma conturbada relação de irmãs em “Lilo e Stich” ou questões de confiança de pai com filho em “Como treinar seu dragão” e nesse “Os Croods” um pai muito protetor e preocupado com sua família. Por isso, Chris consegue um diferencial que é trazer um caráter mais emotivo e de identificação com o público. Outro fato curioso, que mesmo não sendo denso ainda consegue trazer referencia em sua história com o mito da caverna de Platão, aqueles personagens ficam trancafiados em uma caverna e obrigados a se deparar com o exterior descobrem o mundo ao seu redor. A alegoria de Platão através de metáforas diz que só através do conhecimento é possível descobrir um universo de sentidos e razão. Essa mensagem soa no filme de forma delicada através de muito bom humor com boa construção de diálogos e elementos cômicos. “Os Croods” possui bons e bem definidos personagens centrais cada um com sua particularidade como também excelentes coadjuvantes como o bicho preguiça braço. É uma formula de sucesso que a Disney desempenhou bem e outros estúdios que conseguiram realizar tiveram a mesma sorte como o próprio Shrek. Os personagens secundários em uma animação tem tamanha importância pelo alivio cômico que podem causar, além de sua maioria serem fofinhos, o que a longo prazo também fazem sucesso comercial com mais venda de produtos e bonecos derivados. Em alguns casos se destacam tanto que fazem com que haja um spin off da franquia como no caso de “O gato de botas” , a série “Timão e Pumba” e o filme “Rei Leão 3” e em breve um filme dos minions de “O meu malvado favorito”. Mesmo com pontos positivos da narrativa e construção de roteiro existem alguns problemas, como uma história frágil e básica aonde se confunde qual é  o verdadeiro protagonista, que até metade do filme parece ser a filha e depois se transforma no pai, muito por causa do carisma da personagem. O que muito se destaca no filme, as vezes excedendo a narrativa é seu visual. O design da construção da cenografia é um delírio visual exaltado pelo 3D que aprimora a jornada. Esses elementos ajudam a narrativa, pois estamos junto com as personagens em sua busca de conhecimento. Por vezes ,o espectador pode se desligar da história e apenas saborear com a riqueza de detalhes de locais coloridos que são chamativos visualmente para qualquer adulto e criança. O próprio visual ainda ajuda a funcionar as excelentes sequências de ação realizadas com boa decupagem e montagem ritmada auxiliada por uma excelente trilha ,eficiente a todo o percurso do filme. Muita diversão e momentos realmente hilários podem sem encontrados nesse filme que exalta a importância da evolução da mente e pensamento no ser humano. Palmas para a dupla Chris Sanders e Kirk de Micco.